I SÉRIE — NÚMERO 77
32
Dou o exemplo da eficiência energética dos edifícios. Correu muito bem o aviso que lançámos. Eram 4
milhões de euros para 15 meses e executámos 9 milhões de euros em três meses, mas estamos a passar de
4 milhões, ou de 9 milhões — vá lá, vou ser otimista —, para 300 milhões.
Portanto, há aqui uma diferença de escala e muitos de nós, que já gerimos organizações, sabemos bem o
quão importante é a escala e que, quando as escalas são muito diferentes, é mesmo preciso utilizar outros
métodos de gestão.
Por isso, o que mais me preocupa no PRR, não tenho a mais pequena dúvida, é termos condições para
executar bem todas as verbas que estão em cima da mesa, até porque queremos fazê-lo da forma o mais
discutida possível. Não nos passa pela cabeça, para os cerca de 30 milhões de euros que existem para o
Algarve para reduzir as perdas de água, que seja o Governo a escolher os projetos. Claro que não vamos ser
nós, claro que vão ser as autarquias, o que não quer dizer que não haja uma discussão técnica se as
autarquias a solicitarem.
O que quero dizer é que há projetos de grande capilaridade e que obrigarão necessariamente a uma
interação muito forte, e a interação não se consegue em 10 minutos ou meia hora.
Sobre a Presidência portuguesa da União Europeia não consigo fugir a dizer, em primeiro lugar, que a
grande conquista foi mesmo a aprovação da Lei do Clima, num debate muito fértil com o Parlamento Europeu.
A aprovação da Lei do Clima, que foi melhor no final do que era na proposta do Conselho, por ter dado um
papel de destaque à ciência, ter garantido que as metas de 2040 vão ser construídas com base nessa mesma
ciência e a partir dos orçamentos de carbono que a própria Lei do Clima que o PS propõe para Portugal
contempla, e a partir de 2050 fica o compromisso firme de a Europa vir a ter emissões negativas.
Mas também é da maior importância a estratégia europeia para a adaptação às alterações climáticas que
foi aprovada na quinta-feira passada. Foi um tema a que a Presidência portuguesa deu particular atenção, ou
não fosse Portugal dos países que na Europa mais sofre com o que são já hoje as consequências das
alterações climáticas, tendo Portugal até feito disso o tema do seu Conselho informal.
Foi nesta Presidência que aprovámos a Estratégia da União para os produtos químicos sustentáveis, que
aprovámos o 8.º Programa de Ação em Matéria de Ambiente, que pode parecer uma coisa pouco relevante
mas é muito relevante, porque o European Green Deal é um projeto para um mandato de uma Comissão e era
fundamental «amarrar», de facto, as políticas da Comissão para além do tempo desta aos princípios do
European Green Deal.
A concluir, na energia, a aprovação da estratégia da vaga de renovação dos edifícios é essencial tanto para
a melhoria da eficiência energética dos edifícios como, em qualquer país da Europa e em qualquer localidade
de Portugal, para promover emprego, às vezes em microempresas, e poder, de facto, renovar esses edifícios,
e também, de forma que muito nos satisfez, a aprovação da revisão do Regulamento para as Redes
Transeuropeias de Energia, ficando absolutamente claro que não serão mais financiadas na Europa redes de
transporte de energia quando essa energia for de origem fóssil.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos passar à segunda ronda.
A indicação que recebi do Sr. Presidente da Assembleia da República foi que os tempos que foram
excedidos nesta primeira ronda serão abatidos à segunda ronda. Os Srs. Deputados que não tiveram
possibilidade de participar na primeira ronda por não se encontrarem presentes, porventura por estarem
noutros trabalhos parlamentares, poderão, na segunda ronda, fazer acrescer os tempos que não utilizaram.
A segunda ronda será iniciada pelo Grupo Parlamentar do PCP.
Tem a palavra, para o efeito, o Sr. Deputado Bruno Dias.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado: O Sr.
Ministro disse há pouco que sempre o acompanhámos nas medidas de redução tarifária. Nós acompanhámos
essas medidas mesmo durante os mais de 20 anos em que os senhores votaram contra elas. É caso para
dizer que vale mesmo a pena lutar, mas há questões incontornáveis que se colocam mesmo neste debate, em
relação ao PART e à redução tarifária.