17 DE JUNHO DE 2021
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O Sr. Nuno Fazenda (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Portugal tem estado na liderança do combate às alterações climáticas. Há quem tenha tentado,
durante esta primeira ronda deste debate, com legitimidade, impor uma perceção distorcida da realidade.
Tivemos, aliás, uma recente convenção do Bloco de Esquerda onde a Sr.ª Coordenadora do Bloco de
Esquerda disse o seguinte: «No clima não aceitamos que se finja que serão alcançados objetivos tão
exigentes através de pequenos passos e coisas de nada.» Ora, essa é uma afirmação legítima, mas a verdade
é que não tem qualquer adesão à realidade, porque os factos e os números refutam por completo esta
afirmação. Dou alguns exemplos que vale a pena relembrar.
Portugal, como aqui já foi dito, foi o primeiro País a apresentar um roteiro para a neutralidade carbónica,
estabelecendo um roteiro com essa mesma finalidade que está a concretizar.
Foi também com a Presidência portuguesa que foi aprovada a Lei Europeia do Clima. Ora, é uma coisa de
nada que Portugal tenha conseguido, durante a Presidência portuguesa, fazer aprovar a Lei Europeia do
Clima? Com certeza que não.
Em quatro anos, entre 2015 e 2019, Portugal reduziu em 26% as emissões de dióxido de carbono. Foi dos
países da Europa que mais as reduziu. Isto é também uma coisa de nada? É um pequeno passo? Também
obviamente que não.
Portugal é o quinto país da União Europeia que mais produz eletricidade a partir das energias renováveis:
60% da eletricidade é produzida a partir das energias renováveis. Foram criados 10 000 postos de trabalho.
Este é também um pequeno passo? Com certeza que não é.
Quanto à descarbonização dos transportes, têm sido realizados vários investimentos na ferrovia — do
Algarve à Beira, à Linha do Minho — e, como também aqui já foi dito, também na melhoria dos transportes
públicos nas cidades, que são mais ecológicos e mais baratos.
Só nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, graças ao PART, que o PSD chumbou, os transportes
públicos viram um acréscimo de 75 milhões de passageiros. Este é um pequeno passo? Também não é.
O que tem acontecido, sim, são passos certos e com ambição e quem o afirmou foi a Comissão Europeia,
ao considerar que Portugal é dos países que reúne melhores condições para atingir as metas traçadas para
2030.
Mas, naturalmente, não nos damos por satisfeitos. Sabemos que este é um desafio constante do combate
às alterações climáticas e, por isso mesmo, o Governo continua a colocar, e bem, a transição climática no topo
das prioridades, seja no plano europeu, seja no plano nacional. E é neste âmbito que faço duas perguntas ao
Sr. Ministro.
Primeira pergunta: no âmbito da Presidência portuguesa da União Europeia, qual é o balanço que o Sr.
Ministro faz no que à ação climática diz respeito? Que passos e avanços foram dados para a Europa sob a
liderança de Portugal em termos de transição climática?
A segunda pergunta tinha que ver com o PRR, mas, na verdade, o Sr. Ministro hoje já respondeu a muitas
das questões. Hoje mesmo, como já foi dito, a Presidente da Comissão Europeia deu luz verde ao PRR e
considerou Portugal um exemplo. Segundo a Comissão Europeia, o PRR de Portugal, e cito, «é um plano
robusto e ambicioso» e o Sr. Ministro já partilhou aqui connosco não só o calendário, mas também as áreas da
transição climática no âmbito do PRR.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação
Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Fazenda, muito
obrigado.
Como o Sr. Deputado disse, a segunda parte da sua pergunta já foi largamente respondida e, portanto, o
desafio que temos aqui em relação ao PRR é mesmo o da execução, porque são multiplicadas por muito as
verbas disponíveis no PRR.