I SÉRIE — NÚMERO 77
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à conclusão — espero que essa nunca seja a sua conclusão, sabe bem quanto estimo as suas opiniões — de
me dizer: «Afinal, os navios não estão nada atrasados, ao contrário do que o senhor disse, estão é adiantados.
Seria melhor esperarmos mais uns anos, com os navios a diesel, até que viesse aí uma tecnologia com que,
verdadeiramente, tudo fosse muito mais ágil, muito mais barato e muito mais despoluente». Fizemo-lo com a
melhor tecnologia possível do momento, tanto que estará recordado que houve um concurso anterior para gás
natural, agora fizemos este para a eletricidade e, com grande orgulho, sabemos que Portugal vai ter a primeira
grande operação no mundo de transporte fluvial regular de passageiros movido a eletricidade.
Sr. Deputado, o Metro Sul do Tejo está, como sabe, identificado pela Área Metropolitana de Lisboa, tal
como solicitámos, com alguns dos investimentos mais prioritários para o próximo ciclo de financiamento
comunitário. E não me pergunte qual! Certamente que, melhor do que eu, a Área Metropolitana de Lisboa o
saberá dizer e alguns desses investimentos enquadrarão o próximo QFP (Quadro Financeiro Plurianual).
Sr. Deputado, sobre os aumentos da estratégia da Soflusa, e não me desresponsabilizando em nada, dir-
lhe-ei que, como sabe, a tutela financeira das empresas não é do Ministério do Ambiente, e quem tem essa
mesma tutela financeira também não tutela só as empresas do Ministério do Ambiente, tutela muitas mais e
tem, obviamente, de ter uma postura de equilíbrio nas decisões que toma. O que lhe sei dizer, Sr. Deputado,
relativamente aos trabalhadores das empresas que citou — Transtejo, Soflusa e metro de Lisboa —, é que
estou e estarei sempre profundamente agradecido pela forma absolutamente exemplar e pela dedicação com
que eles trabalharam durante as fases mais negras do período da COVID-19, em que obrigámos as empresas
a continuar a prestar serviço e eles deram sempre um exemplo de profissionalismo sem par.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — O PCP continua no uso da palavra, mas agora através do Sr.
Deputado João Dias.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado: Sr.
Ministro, faz amanhã quatro anos que ocorreram os trágicos incêndios de Pedrógão. Trágicos incêndios que
nos trouxeram perdas de vidas humanas, que nos trouxeram perdas de milhares de hectares de floresta, que
nos trouxeram explorações destruídas e que expuseram as vulnerabilidades da nossa floresta.
Nesse sentido, Sr. Ministro, a primeira pergunta que lhe faço é: qual é o balanço que faz? O Sr. Ministro
que tem um discurso de que tudo está no melhor dos mundos, diga-nos, então, qual o balanço que faz,
passados quatro anos, para que muitas destas vulnerabilidades se tenham agravado ao invés de se terem
invertido.
Este discurso, Sr. Ministro, contrasta com a realidade. Aquilo que as populações, as associações florestais
e os bombeiros nos dizem é completamente diferente e muitos deles dizem que muito pouco foi feito em
relação ao que era esperado. Dou-lhe exemplos: a melhor reforma, desde o tempo de D. Dinis, anunciada pelo
seu antecessor no que é que resultou? Desde logo, no fim do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra
Incêndios. Não o temos, foi revogado e esta foi uma das consequências das políticas do Governo PS.
Temos anúncios atrás de anúncios — anúncios não faltam! —, reuniões do Conselho de Ministros atrás de
reuniões do Conselho de Ministros, sem avaliar o que foi feito e os seus resultados. Tomam-se medidas sem
se avaliar aquilo que foi feito e isso é muito preocupante.
O resultado está à vista! É só sair para o campo, Srs. Deputados, e vemos que onde havia mato continua a
haver mato e onde houve os incêndios neste momento existe um descontrolo, em termos daquilo que são
infestantes, nomeadamente com a regeneração do eucalipto.
Quanto ao problema da floresta o Sr. Ministro: zero! O Sr. Ministro não diz nada sobre o que é o
rendimento da floresta! Isto não se resolve só com paisagem, como o Sr. Ministro sugere, é com rendimento à
produção da madeira.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Dias (PCP): — Termino, Sr. Presidente.