19 DE JUNHO DE 2021
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Apesar do impacto muito significativo deste novo confinamento, a economia, após o fim do estado de
emergência e o levantamento de algumas restrições, voltou a dar sinais muito positivos, demonstrando uma
enorme resiliência: a contração do PIB no primeiro trimestre foi menos severa do que a do ano passado, o que
significa que as empresas conseguiram adaptar-se melhor a esta nova realidade; em abril deste ano, as
exportações de bens apresentaram um crescimento de 83%, superando, inclusivamente, em 7% as exportações
de abril de 2019; os índices de volume de negócios na indústria e nos serviços cresceram em torno de 50%; os
dados do IEFP indicam que o desemprego recuou em abril; o indicador diário de atividade económica do Banco
de Portugal está agora acima do período homólogo de 2019; o indicador de confiança dos consumidores
aumentou significativamente nos últimos três meses, atingindo o valor máximo desde fevereiro de 2020, último
inquérito antes da pandemia; e o indicador de clima económico também aumentou de forma expressiva entre
março e maio, superando o nível observado no início da pandemia, comportamento transversal a todos os
setores considerados.
Em resumo: não apenas o SNS deu mostras de uma enorme capacidade de resiliência como a economia
portuguesa está a mostrar-se muito resistente, com uma enorme capacidade de adaptação. E a recuperação
económica, levantadas as restrições por via da melhoria da situação epidemiológica, está a revelar-se muito
rápida e vigorosa.
Estes sinais são, portanto, bastante encorajadores e permitem-nos olhar para o futuro com otimismo.
Na verdade, o novo Boletim Económico do Banco de Portugal veio rever em alta as projeções de crescimento
para a economia portuguesa e rever em baixa o desemprego, superando, inclusivamente, as previsões
apresentadas pelo Governo no Programa de Estabilidade. Segundo o Banco de Portugal, é esperado que o PIB
cresça 4,8% em 2021 e que a economia regresse aos níveis de pré-crise já no início do próximo ano.
A prioridade do Governo continuará a ser a salvaguarda da saúde pública e a segurança dos cidadãos e não
hesitaremos em tomar as medidas que se revelem necessárias.
A evolução muito favorável da estratégia de vacinação, que permite reduzir a severidade da doença, dá-nos
esperança que se possa retomar paulatinamente a normalidade da vida económica e social.
Assim, o foco da política económica na próxima fase será orientado para apoiar a retoma económica e o
reforço da confiança dos agentes económicos, e esta nova fase assenta, fundamentalmente, em dois pilares:
os estímulos à procura, por um lado, e, do lado da oferta, prorrogar o crédito fiscal extraordinário ao investimento.
Foi proposto à Assembleia da República o reforço dos incentivos à capitalização das empresas atualmente em
vigor; concretizar o Plano Plurianual de Apoio à Atividade Turística, com um foco imediato no suporte à atividade
das empresas e na promoção externa do destino Portugal, mas assegurando também apoios à requalificação
da oferta e ao crescimento; e um novo concurso do Sistema de Incentivos ao Investimento Empresarial, tendo
o registo prévio de intenções de investimento ascendido já a mais de 1600 milhões de euros, dos quais 600
milhões de investimento direto estrangeiro.
Nas próximas semanas, vamos também lançar as primeiras medidas do Plano de Recuperação e Resiliência,
que recebeu agora luz verde por parte da Comissão Europeia, incluindo as Agendas Mobilizadoras para a
Inovação Empresarial, que permitirão apoiar projetos com potencial transformador da estrutura produtiva
nacional.
Com a aprovação do PRR iremos também conseguir reforçar os instrumentos financeiros de apoio às
empresas.
No que se refere aos setores mais afetados pela pandemia, vamos apoiar o fim das moratórias bancárias,
garantindo parte do crédito sob moratória, de modo a estender os prazos de reembolso destes créditos e libertar
tesouraria das empresas.
Sr.as e Srs. Deputados, a situação que vivemos é ainda frágil. O controlo da situação epidemiológica continua
a ser prioritário, mas temos, do lado económico, sinais positivos que devemos continuar a estimular para
assegurarmos que as empresas e os trabalhadores enfrentam da melhor maneira possível os próximos tempos.
O Governo esteve, está e estará preparado para todos os desafios.
Aplausos do PS.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.