8 DE JULHO DE 2021
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nem sequer tem acesso a aquecimento ou a climatização nas suas habitações ou nos locais de trabalho, dados
os preços absolutamente incomportáveis que têm.
Passando ao assunto que aqui nos traz hoje, que é, de facto, a regulamentação de uma profissão e a
regulamentação da certificação energética, que é uma outra realidade, tenho de começar com um lamento, Sr.
Secretário de Estado, relativamente à atitude do Governo: não é o Regimento mas sim a Constituição que diz
que as autorizações legislativas têm de vir acompanhadas dos pareceres fundamentados para a iniciativa, o
que, mais uma vez, não sucedeu.
Aliás, ainda hoje chamei a atenção para esta questão, porque o Governo, nos termos constitucionais, não
pode continuar a apresentar pedidos de autorização legislativa juntamente com o decreto-lei que acompanha a
iniciativa e, depois, não cumprir um dos requisitos fundamentais, que é o de enviar os estudos, pareceres e
documentos com as iniciativas. Isso não permite que a Assembleia da República possa legislar e apreciar
devidamente as matérias.
Sr. Secretário de Estado, esta é uma daquelas matérias com que, de uma forma ou de outra, com uma crítica
ou outra, a que esperamos que o Governo atente, todos nós concordamos, sendo importante que se avance e
que se adeque a lei à legislação europeia. No entanto, não é assim em todas as matérias, e não é em função
da matéria que se pode incumprir a Constituição — que, aliás, tanto gostam de ter na ponta da língua quando
convém e de ignorar, também, quando convém.
Dito isto, vamos à regulamentação propriamente dita da proposta de lei, porque é isso que temos de discutir,
não tanto as autorizações legislativas.
Há várias questões que não podemos ultrapassar. Algumas já aqui foram referidas, nomeadamente a que
coloca a Ordem dos Engenheiros Técnicos, que tem de ver, primeiro, com a inscrição na ADENE (Agência para
a Energia). Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado, o Governo tem de decidir: ou quer ordens profissionais ou
não quer ordens profissionais, porque, na verdade, esta contradição tem que ver com a transposição de uma
norma europeia, tendo em conta que nós também temos uma ordem e, portanto, não podemos duplicar. Não
pode haver inscrição numa ordem profissional e, simultaneamente, obrigar a que a certificação seja feita por
uma outra associação, quando as próprias ordens vêm chamar a atenção para este problema. Tal como a
duplicação e complexificação que temos, por um lado, na formação, o formador é o certificador exclusivo, em
monopólio, porque nem sequer permite que haja outras entidades certificadas pela ADENE para dar essa
formação. E isso, Sr. Secretário de Estado, vem contra aquilo de que o Governo fala e que todos nós julgamos
que é fundamental, que é a simplificação dos procedimentos.
Nós estamos a burocratizar os procedimentos e a torná-los cada vez mais complexos. Basta ouvir o País
real, os proprietários, todo o setor das ordens profissionais, as diversas classes profissionais em causa: todas
se queixam da quantidade de formalismos e da quantidade de burocracia que é necessário ultrapassar.
Não bastasse isso, o Governo acrescenta ainda mais burocracia, em vez de simplificar. O que se pretende é
a simplificação e, portanto, esperamos que o Governo ainda vá a tempo de tomar em conta estas nossas
preocupações e, também, a preocupação do Governo Regional da Madeira, que vamos estender também aos
Açores, porque o que se aplica a uma região autónoma tem de se aplicar à outra, que é a questão das
contraordenações. As contraordenações não são impostos, são taxas, têm sempre uma contrapartida, portanto
é importante que ambas as regiões autónomas beneficiem dessa medida, embora tenha sido a Região
Autónoma da Madeira que chamou especificamente a atenção para esta questão. Mas é importante que as
regiões autónomas beneficiem também dos montantes que são oriundos da própria região autónoma, quando
não haja comparticipação.
Sr. Secretário de Estado, espero que o Governo seja sensível a estas questões para que, com isso,
consigamos, sim, uma verdadeira e efetiva eficiência energética em Portugal e não estejamos a desviar o
assunto para não se falar da pobreza em que, efetivamente, todos nós vivemos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Nelson Silva, do PAN.