10 DE JULHO DE 2021
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Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Fernando Negrão.
O Sr. Presidente: — Bom dia, Srs. Deputados. Tem agora a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Magalhães, do PS.
Pausa.
É a indicação que tenho.
O Sr. José Magalhães (PS): — Sr. Presidente, a palavra deve ser dada à Sr.ª Deputada Susana Amador.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Só agora é que a Mesa foi informada de que será a Sr.ª Deputada Susana Amador a usar da palavra.
Tem a palavra para pedir esclarecimentos, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Susana Amador (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, neste debate, e com esta proposta de lei, bem como com a reforma que está em curso, aquilo que se pretende, essencialmente — é o principal desígnio —, é
mudar a forma como a Administração Pública se relaciona com os imigrantes e com os refugiados. Esse é um
compromisso programático, porque entendemos que é urgente reconfigurar a forma como os serviços públicos
lidam com o fenómeno da migração, adotando uma abordagem que queremos, como referiu na sua intervenção,
mais humanista, menos burocrática, em consonância com o objetivo — que é, também ele, estratégico — de
atrair, de forma regular e ordenada, mão de obra para o desempenho de funções em diferentes setores de
atividade.
A proposta de lei em discussão plasma — e bem — essa mudança de visão, essa nova abordagem ao
transferir para a PSP, para a GNR e para a PJ atribuições em matéria policial e de investigação cometidas
anteriormente ao SEF, garantindo-se, necessariamente, uma reafetação dos recursos humanos, de recursos
materiais para o cumprimento desse desiderato, e sempre, obviamente, com a salvaguarda dos direitos dos
trabalhadores, dos seus direitos adquiridos, da sua progressão, do seu direito à carreira. Isso será, seguramente,
preservado e salvaguardado.
A concretização desta separação entre as funções policiais e as funções técnicas e administrativas, de
autorização de documentação para imigrantes e para refugiados é algo que decorre também do Programa do
Governo e, por isso, esta reforma, Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, não é reativa, é prospetiva, é estratégica,
não decorre de nenhum episódio isolado ou dramático, mas sim de uma mudança de paradigma, porque o
mundo mudou e a abordagem às migrações tem de evoluir e tem de ancorar-se no direito a ter direitos.
Por isso, Sr. Ministro, este debate ancora-se em quatro questões essenciais para as quais também solicitava
os seus esclarecimentos.
Primeira questão, também para toda a Câmara, é se queremos ou não queremos mudar a abordagem,
colocando no centro do atendimento o cidadão imigrante ou refugiado, preservando os seus direitos,
humanizando-o, formando e vocacionando um serviço designado para o efeito.
Segunda questão: queremos ou não queremos um modelo de gestão e de acolhimento de pessoas migrantes
e requerentes de asilo assente numa lógica despida do contexto policial e securitário? Há muitos grupos
parlamentares — como o do Bloco de Esquerda — que nos acompanham, de facto, nessa nova lógica.
Infelizmente, o projeto de lei do PSD aprofunda ainda mais a lógica policial e securitária, cria uma separação
artificial entre a componente administrativa e policial, mas sob o mesmo teto, mantém a coabitação no SEF e
aprofunda ainda mais essa lógica securitária e restritiva ao mudar a própria natureza do serviço para força de
segurança.
Por isso, no Partido Socialista e neste grupo parlamentar não acompanhamos essa lógica policial,…
Aplausos do PS.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Mas põem-nos na prisão de Caxias!