I SÉRIE — NÚMERO 6
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Dos projetos que trazemos aqui, o primeiro tem que ver com a estabilização temporal do subsídio à
pequena pesca artesanal e costeira e à pequena aquicultura.
Srs. Deputados, desde 2018, o PCP tem introduzido no Orçamento do Estado um apoio à utilização do
combustível, gasolina e GPL, na pequena pesca e na aquicultura, considerando até a tipologia característica
das embarcações que recorrem a este tipo de combustível. Mas este apoio não é estável, depende do
Orçamento do Estado, e importa que, de uma vez por todas, se estabeleça um regime estável que permita que
a pequena pesca, a pesca local e costeira e a pequena aquicultura possam aceder a este apoio, tal como é
previsto também para o gasóleo.
Temos um outro projeto que tem que ver com a defesa da pesca do cerco e dos seus profissionais. A
pesca do cerco é fundamental, em termos de produção nacional. Apenas 1% das embarcações são de pesca
do cerco, mas produzem uma quantidade limitada, tendo em consideração as imposições das quotas de
pesca, nomeadamente no que tem que ver com a sardinha. Além disso, estão sujeitas a períodos substanciais
de paragem, impostos pelo defeso e, também, pela falta de condições nas acessibilidades aos nossos portos e
barras, as quais precisam de ser melhoradas e mantidas, porque, de facto, impedem a saída dos homens para
o mar em segurança.
Nesse sentido, colocamos aqui a necessidade de se reforçarem, no Orçamento do Estado, os apoios ao
orçamento do IPMA, tão importante entidade nacional para a investigação do mar e dos nossos recursos
piscícolas. É importante que, de uma vez por todas, se combata a precariedade laboral que grassa no IPMA,
porque estes investigadores têm um importante papel no estudo dos nossos recursos.
Propomos também um regime de apoio à perda de rendimento, porque estes pescadores estão sujeitos a
longas paragens, devido às questões do defeso e também, como já referi, da navegabilidade, e é importante
que tenham estes apoios à paragem.
Uma outra opção que deve, igualmente, ser implementada, de uma vez por todas, mas com caráter
estrutural, tem que ver com a formação na pesca. A pesca deve ser alvo de formação adequada e,
principalmente, deve ser criado um programa alargado de formação, nestes períodos de paragem, que permita
constituir um elemento alternativo à paragem piscatória.
Relativamente aos projetos que aqui estão em discussão, permitam-me, Srs. Deputados, dirigir-me à Sr.ª
Deputada Inês Sousa Real, para dizer que parecem projetos feitos da sala de estar e da televisão. Não
contempla aquela que é a realidade da pesca nacional, não percebe a atividade económica da pesca em
Portugal. Aliás, Sr.ª Deputada, permita-me mesmo que lhe diga que a pesca do atum, em Portugal, não é
aquela que a Sr.ª Deputada vê na televisão,…
Protestos da Deputada do PAN Inês de Sousa Real.
… a pesca do atum, em Portugal, é feita de salto e vara, é feita com um anzol que nem leva isco, portanto,
não é aquela que a senhora vê na televisão e que está a querer aqui impedir.
Aplausos do PCP.
Temos de ter algum respeito!
Estamos a falar de uma quantidade de barcos menor, de 10 a 12 barcos, e a Sr.ª Deputada vem aqui com
impedimentos que têm que ver até com a aplicação de câmaras de televisão em barcos inferiores a 15 m. Mas
todos?! Até uma piroga, utilizada ali, em Sesimbra, vai ter de ter uma câmara de televisão, para que os
senhores estejam mais descansados em termos daquilo que é a captura?! Isto é um ataque sério à pesca e
àquilo que a pesca representa!
No que se refere à rotulagem e à identificação da origem do pescado, Meus Senhores, a continuarmos
neste caminho, sem medidas de defesa da pesca nacional, daqui para a frente, sabemos que todo o pescado
será importado. Não tenhamos dúvidas quanto a isso, porque não teremos pesca nacional!
Protestos do Deputado do PS Pedro do Carmo.