2 DE OUTUBRO DE 2021
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Sr. Presidente, Srs. Deputados, a generalidade destes diplomas em nada contribuiria para a preservação
dos ecossistemas marinhos. Têm aquilo que nos habituaram: aproveitamento político de temas unânimes, falta
de rigor e desconsideração pela comunidade científica e técnica.
A esta crítica excluo naturalmente as propostas do PCP, cujo âmbito é distinto e, no nosso entender, mais
realista.
Refletem, contudo, a falta de compromisso que o Governo tem para com os parceiros de coligação, como é
o PCP, e para com o que é o cumprimento do vertido na lei do Orçamento do Estado.
Na lei do Orçamento do Estado para 2021 ficou contemplada a criação de um subsídio à pesca artesanal e
costeira e à pequena aquicultura. Passados estes meses, e em vésperas de novo Orçamento do Estado, o
PCP entendeu pôr a votação a mesma iniciativa de forma a que este subsídio não fique dependente da
aprovação em cada Orçamento do Estado.
Quanto ao programa em defesa da pesca do cerco e dos seus profissionais, o PSD acompanha a
necessidade de intervir no sentido de fortalecer a decisão científica a nível nacional, e ao nível do rendimento
dos pescadores face às interrupções forçadas, em particular com um programa alargado de formação
financiado para o setor da pesca destinado a reforçar os conhecimentos e a constituir uma alternativa à
atividade piscatória regular nos períodos alargados em que a pesca se encontra interdita.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, concluo, reforçando que o PSD está e estará ao lado da ciência e das
comunidades locais, uma vez que consideramos fundamental proteger a biodiversidade marinha, garantindo a
sustentabilidade da pesca.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a palavra o Sr. Deputado Olavo Câmara.
O Sr. Olavo Câmara (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Portugal não permite a pesca de tubarões. A única captura que existe é a pesca acessória ou acidental e essa, como é compreensível pelo
próprio nome, não está dependente da vontade dos pescadores.
A sustentabilidade dos pescadores e das comunidades piscatórias também tem de ser salvaguardada e a
nossa responsabilidade obriga-nos a que haja um equilíbrio nas medidas adotadas e que essas medidas
possam ser compreendidas.
Isto porque, ninguém consegue compreender que numa captura involuntária desta espécie ou de outras,
como a gata, na Madeira, os pescadores sejam obrigados a devolver ao mar o pescado mesmo sem vida.
Ora, isto não serve a ninguém, nem à sustentabilidade da espécie, nem aos pescadores e nem à
compreensão de qualquer pessoa no nosso País, pelo que defendemos a sustentabilidade, sim, a das
espécies, mas também a dos pescadores e, neste caso, a razoabilidade e a compreensão dessas medidas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, começo por cumprimentar os autores dos projetos que hoje discutimos que são muitos e diversos.
Aquilo que têm em comum é serem sobre pesca e sobre mar, mas, na realidade, eles misturam quer uma
proteção pela salvaguarda de algumas espécies, com a qual estamos de acordo, quer a necessidade de
monitorização eletrónica, a interdição do uso de chumbo, o estatuto profissional do Observador Marítimo de
Pescas, questões relacionadas com a proteção dos pescadores. São questões muito diversas.
Eu dividiria estes projetos em dois grupos: há um grupo que é o dos projetos apresentados pelo PCP,
sobre os quais me referirei mais além, e outro grupo que tem que ver com os projetos apresentados quer pelo
PAN, quer pela Sr.ª Deputada não inscrita.