16 DE OUTUBRO DE 2021
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Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O S. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tratamos de um conjunto de projetos que, de alguma forma, são agrupáveis dois a dois. Alguns tratam, essencialmente, da questão da prescrição
dos crimes contra a autodeterminação sexual de menores — portanto, aquilo a que poderíamos classificar,
num sentido amplo, como crimes de pedofilia — e outros têm soluções diferentes sobre a mesma matéria,
designadamente quanto ao agravamento das molduras penais aplicáveis.
A primeira coisa a dizer é que, do nosso ponto de vista, o que puder ser feito em relação a estes crimes é
importante e relevante, porque, quanto à legislação penal, e ainda que eu concorde com as intervenções que
apelaram à ponderação, ao equilíbrio e a que não possamos, a certa altura, ter alguns crimes abaixo, por
exemplo, do homicídio, admitindo tudo isso, acho que, hoje em dia — como foi lembrado, e bem! —, a
sensibilidade para estes crimes é enorme e a sociedade tem de ter um sinal político em relação à questão da
pedofilia.
O CDS, de resto, tem histórico nesta matéria. Fomos os primeiros a propor a penalização séria da
utilização e do acesso, por exemplo, a pornografia infantil. Na altura, ao contrário de outras opiniões, fomos
defensores da chamada «lista de pedófilos», por assim dizer.
O que, no fundo, está em causa nos projetos da Sr.ª Deputada Cristina Rodrigues e do PAN é o
alargamento da prescrição. Como foi dito, por exemplo, pela Sr.ª Deputada Márcia Passos, creio que, em sede
de especialidade, esta matéria poderá ser vista, porque, de facto, o instituto da prescrição faz sentido.
Ao conjugar, como a Sr.ª Deputada Cristina Rodrigues faz, o alargamento da prescrição para 15 anos com
o início desse prazo aos 35 anos, teremos de ponderar se a soma das duas coisas poderá, ou não, ser
excessiva, ainda que concordando com a sua ideia e com a sua intenção. Por isso, votaremos a favor deste
projeto, que, de resto, tendo a mesma intenção que o do PAN, nos parece até mais claro, mais percetível e de
mais fácil aplicação.
Já em relação aos projetos do Chega, queria dizer que aquele que prevê o aumento das molduras penais
não nos choca nem nos levanta problemas de maior. Achamos que é uma valorização, um sinal da gravidade
destes crimes. O CDS tem-no feito noutras matérias e, portanto, não teremos dificuldade em acompanhá-lo.
O outro projeto levanta-nos mais dúvidas, por várias razões, quer por insuficiência técnica, como aqui foi
dito e demonstrado por várias bancadas, quer, também, porque ao tornar público o crime, podemos ter,
efetivamente, o efeito perverso de não estarmos a proteger quem deve ser protegido, que é, essencialmente, a
vítima.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que, de facto, o que a opinião pública e a comunicação social nos dizem
muitas vezes, designadamente em relação às vítimas de pedofilia, é que elas precisam de tempo, precisam de
maturidade, até para revelar a sua história, uma história traumática que, por vezes, acontece durante décadas.
Portanto, faz sentido alargar o prazo de prescrição. Tudo o que fizermos para combater a pedofilia é
positivo e é bem feito, do nosso ponto de vista.
Aplausosdo CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria apenas de dizer que, quando se propõe aumentar penas nesta dimensão, não estamos a falar de nenhum direito penal da vingança, estamos a
olhar para o quadro jurídico português e para o quadro jurídico europeu. Portugal tem das penas mais baixas
nesta matéria, não só em abstrato, como na prática e na sua aplicação concreta.
Podemos continuar aqui, Sr. Deputado António Filipe, com esta conversa, uns com os tabloides, outros
com a turba, e, durante 40 anos, fica tudo igual e nunca mudamos o que faz falta.
A verdade é que a criminalidade sexual em Portugal é uma vergonha!