I SÉRIE — NÚMERO 14
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Protestos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra, como previsto, a Sr.ª Deputada Mariana Silva, para uma intervenção.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ainda que o tema do reforço das medidas para a primeira infância seja importante, alguns teimam em retirar-lhe importância e, apesar dos
constantes avisos para as dificuldades, apesar das propostas para as superar e até dos anúncios de medidas
de apoio à natalidade, o que se verifica é que estas medidas não foram devidamente desenvolvidas nos
últimos anos.
São públicas as preocupações com o facto de nascerem poucas crianças em Portugal, o que tem como
consequência o rápido envelhecimento da população portuguesa, mas o que encontramos no terreno são as
dificuldades muito concretas dos pais e, particularmente, dos jovens, fruto da falta de apoio à infância.
Como se espera que um jovem casal, que vive com dois salários mínimos ou pouco mais, decida assumir
uma opção que lhe custará, logo à partida — além do leite, das fraldas, dos produtos de saúde e higiene, da
roupa — uma despesa de centenas de euros para pôr a criança numa creche, isto se tiver a sorte de encontrar
uma?
Não existem creches para todas as crianças cujos pais precisem e queiram compatibilizar o trabalho com a
paternidade e a maternidade nem espaços que, posteriormente, as crianças possam frequentar. O que é ainda
pior se falarmos de espaços com equilíbrio, para que elas possam desenvolver capacidades cognitivas, para
que possam crescer com os seus pares, para que socializem e se desenvolvam, mental e fisicamente, de
forma saudável.
Os Verdes não concordam que as crianças e os jovens passem mais horas nas creches e nas escolas do
que as que os seus pais passam no trabalho, mas é urgente que se trabalhe na construção de uma rede de
creches públicas que cubra todo o País, com vista a garantir creche gratuita a todas as crianças até aos 3
anos. Isto, para que não fiquem de fora crianças cujos pais não conseguem pagar uma mensalidade e para
que as mães ou os pais não tenham de desistir da sua vida profissional por terem mais do que um filho.
Mas, além disso, é realmente necessário que se regulem os horários de trabalho, que se ponha fim ao
trabalho precário, que se aumente o salário mínimo nacional para que todos os que pretendam formar família
o possam fazer e não se limitem porque o País onde vivem não lhes permite isso e apenas lhes coloca
entraves.
Sr.as e Srs. Deputados, a baixa natalidade é um problema sério que precisa de respostas determinadas,
mas elas não virão, seguramente, de quem vota contra o aumento do salário mínimo nacional, de quem
roubou, a milhares de crianças, o abono de família, de quem quer o retrocesso da legislação laboral, de quem
aumentou o horário de trabalho, de quem fragilizou, até ao estado que hoje conhecemos, o direito à habitação.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Bem lembrado!
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Nem virão dando mais dinheiro às empresas para abrirem novas linhas de negócio com as crianças.
A resposta virá de outra política, diferente, que ponha no centro das preocupações os direitos das crianças
e o futuro do País.
Aplausos do PEV e do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra para uma intervenção a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, a resposta que se impõe dar à realidade que temos no nosso País, de falta de vagas em creches para as crianças e das muitas dificuldades que as
famílias enfrentam todos os meses para pagar as creches — que é, aliás, inseparável da realidade de baixos