23 DE OUTUBRO DE 2021
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do XXI Governo Constitucional, no quadro das suas competências próprias, ao criar as condições para a
concretização da decisão da venda do Novo Banco, tomada pelo Banco de Portugal, em processo competitivo
e à melhor proposta, impedindo a sua liquidação, visou preservar a sustentabilidade do sistema bancário e do
sistema financeiro, salvaguardando o interesse público». São duas conclusões contraditórias.
Valeu tudo neste capítulo, o capítulo das conclusões sobre o Novo Banco, que não pode ser levado a sério.
Mancharam o relatório com partidarite, ao aprovarem conclusões sem ligação aos factos apurados e mesmo
conclusões contraditórias.
Sr.as e Srs. Deputados: Os contribuintes estão hoje mais esclarecidos sobre o que aconteceu no BES e no
Novo Banco. A utilidade pública deste inquérito parlamentar está reconhecida pelo volume de informação
desvendada e levada ao conhecimento geral.
Ficaram provadas falhas na atuação da supervisão na gestão do BES; ficou provado que o capital inicial do
Novo Banco foi insuficiente; ficou provado que o Governo de Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque
desempenhou um papel determinante na insuficiência do capital inicial do Novo Banco, contrariando a
proposta do Banco de Portugal; ficou provado que a venda do Novo Banco, no prazo de dois anos, ficou
decidida em 2014, no quadro das negociações com a Comissão Europeia; ficou provado que a venda falhada
do Novo Banco, em 2015, se revelou mais uma pesada herança do anterior Governo; ficou provado que a
venda falhada em 2015 tornou obrigatória a venda em 2017; ficou provado que a alternativa à venda seria a
liquidação, com custos bem mais elevados para as finanças públicas e para os contribuintes; ficou provado
que a venda salvaguardou o interesse público. Ficou igualmente demonstrado que, após 2014,…
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente. Como dizia, ficou igualmente demonstrado que, após 2014, ocorreram operações no âmbito do processo
de reestruturação que configuraram evidente tratamento de favor a um conjunto de grandes devedores,
concretamente ao Grupo Moniz da Maia, ao Grupo Ongoing e ao universo Luís Filipe Vieira; e ficou também
comprovado que estas operações adiaram ou evitaram a execução de garantias pessoais, com ganhos
efetivos para os referidos devedores, que, assim, conseguiram adiar consecutivamente processos de
insolvência pessoal.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — As perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução vinham a suscitar dúvidas, suspeitas e a revolta da opinião pública. O debate público convergia para a possibilidade de
um inquérito parlamentar, um inquérito parlamentar que pudesse contribuir para o cabal esclarecimento
público.
Encerrado o inquérito, estamos certos de que a ação dos Deputados do Partido Socialista contribuiu para
que os contribuintes estejam hoje mais esclarecidos sobre o que aconteceu no BES e no Novo Banco.
Aplausos do PS.
O Sr. André Ventura (CH): — Inacreditável!
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
Entretanto, informo que vão abrir-se agora as inscrições para efeitos de quórum para as votações
regimentais.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Bem sei que passaram alguns meses desde o encerramento desta Comissão de Inquérito. Ainda assim, não queria deixar de fazer aqui um