I SÉRIE — NÚMERO 16
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A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Não disse isso!
O Sr. André Coelho Lima (PSD): — … é um instrumento de visão política e económica, não financeira; isso é um relatório e contas.
Como disse no início, já não queremos sequer um bom orçamento, já só queremos um qualquer orçamento,
ainda que seja uma manta de retalhos. E por isso a pergunta a que o Partido Socialista tem de responder é de
que é o País precisa, se precisa de um orçamento que tenha um rumo, ainda que discordemos desse rumo —
mas que tenha um rumo claro —, ou se precisa de um conjunto de reivindicações desconexas, que fazem disto
uma manta de retalhos que não aproveita a ninguém, sobretudo ao País e aos portugueses.
A verdade é que o Governo não quis acordo para esta Legislatura, o Sr. Presidente da República não o
exigiu, e não podemos ficar surpreendidos com o que, entretanto, sucedeu. Ou será que o PS esperava que o
Bloco e o PCP fossem meros anexos acríticos do vosso mandato, que exercem como se tivessem maioria
absoluta quando, na realidade, não têm?
Este é o equilíbrio político que os senhores quiseram, não podem queixar-se das suas consequências, porque
elas são — aliás, eram — bastante previsíveis.
E agora queria dizer-vos isto também, Srs. Deputados do Partido Socialista, e, naturalmente, Sr. Deputado
Tiago Barbosa Ribeiro: o que é que fica para Portugal deste equilíbrio em andas? O que fica para Portugal já
aqui foi dito várias vezes: é o vergonhoso número de 20% da população em situação de pobreza.
Diz o Sr. Deputado que os portugueses que saíram da pobreza têm de agradecer, quando temos 20% da
população em situação de pobreza?! Mas nós — nós plural majestático — não temos vergonha deste número?!
Conseguimos ainda ter a retórica que aqui temos com um número desta natureza?!
Mais: ocupar os últimos lugares da competitividade europeia e a perder lugares, ano após anos, para os
nossos congéneres da União Europeia, mas ocupar os primeiros lugares, sim, nos preços da energia, do gasóleo
e da gasolina, que são fatores de competitividade para a nossa economia.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. André Coelho Lima (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente. Srs. Deputados, esta é a herança que este Governo deixa ao País, conduzindo o País para um beco sem
saída. E o problema é que as vítimas deste equilibrismo em andas são sempre os mesmos, são os portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Coelho Lima, já trazia uma intervenção e falou de tanta coisa, mas falou de pouco sobre o que eu, efetivamente, aqui disse.
Vozes do PS: — Muito bem.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sobre fazer arqueologia ou pouca arqueologia, o Partido Socialista tem muito orgulho em toda a sua história desde que foi fundado para combater a ditadura, no fortalecimento do
Estado social em Portugal, na criação do Serviço Nacional de Saúde, na escola pública, nas prestações sociais,
no desenvolvimento económico, na opção europeia. O Partido Socialista tem muito orgulho em tudo aquilo que
fez.
Aplausos do PS.
Mas sabe o que é que o Partido Socialista não fez? O Partido Socialista não fez um programa para si próprio,
para ir além da troica, como os senhores fizeram,…