I SÉRIE — NÚMERO 16
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Depois veio a pandemia do século, a maior crise social e económica que já vivemos. Medo, confinamento,
paralisação da economia, possível devastação da economia e da sociedade. Possível mas não. Porquê? Porque
liderava o Partido Socialista, porque o PS estava no Governo. Não foi assim porque defendemos o Estado social
e as políticas públicas para combater a pandemia com solidariedade, como comunidade, como uma sociedade
em que os problemas de uns são os problemas de todos, não como indivíduos isolados e desligados entre si.
Foi com esse espírito que trabalhámos e foi com esse espírito que vencemos a pandemia em Portugal.
Aplausos do PS.
Foi assim que preservámos empregos e, ao contrário da resposta da direita à anterior crise, conseguimos
fazê-lo recuperando já os níveis de desemprego que tínhamos antes dos níveis pré-pandémicos.
E para isso foram também precisas opções orçamentais, foi preciso financiamento, foi preciso dotação
orçamental da segurança social, que cresceu 5,2 mil milhões de euros entre 2015 e o ano passado — 5,2 mil
milhões de euros, repito. Os portugueses sabem e não esquecem.
Mas não ficámos por aqui. Com o sucesso da vacinação, com o esforço de todos, com o esforço da
sociedade, conseguimos virar a página da pandemia e iniciar um processo de recuperação económica num
contexto ainda de enorme incerteza, dificuldades e fragilidades.
Queremos avançar com firmeza e não dar um único passo atrás. Porquê? Porque o Orçamento do Estado
é, sempre foi, um instrumento político e não um mero instrumento contabilístico. Debater o Orçamento do
Estado, como aqui fazemos, é falar para as pessoas, é falar de pessoas, para o futuro que queremos construir
coletivamente.
Srs. Deputados, olhamos para este Orçamento do Estado e vemos um bom futuro para as pessoas, vemos
um bom futuro para Portugal.
Aplausos do PS.
Vemos um Orçamento do Estado para 2022 que tem o maior investimento social de sempre, são mais 7000
milhões de euros face a 2015; o maior investimento de sempre nas prestações sociais familiares; a progressiva
gratuitidade das creches para todas as crianças de todos os escalões; a Estratégia Nacional de Combate à
Pobreza 2021-2030 e garantia para a infância que é criada pela primeira vez; a atualização extraordinária das
pensões; a atualização regular de todas as pensões; o aumento de 40 € do salário mínimo nacional, o maior
aumento de sempre e que consolida um aumento de 40% desde 2015; o aumento das prestações sociais; o
valor mais alto de sempre para as políticas de formação e de emprego; o reforço das respostas às pessoas com
deficiência; as medidas de apoio ao investimento; o IRS Jovem alargado para cinco anos; dois novos escalões
de IRS; a valorização dos trabalhadores da Administração Pública; o reforço dos serviços públicos; o fim das
taxas moderadoras em todos os cuidados do SNS, exceto nas urgências; a conjugação de tudo isto com a
Agenda do Trabalho Digno, com o estatuto do Serviço Nacional de Saúde e o estatuto profissional para os
trabalhadores da cultura.
Sr.as e Srs. Deputados, os portugueses olham e não esquecem!
Aplausos do PS.
É óbvio — e termino — que no contexto de uma negociação, e em particular numa negociação orçamental,
nunca conseguimos tudo. Nunca ninguém consegue tudo, nunca nenhum partido consegue tudo. Negociar é
isso mesmo, sobretudo quando falamos de opções orçamentais que têm usos alternativos.
O que é inequívoco é que este é um orçamento de avanços, que merece aprovação para podermos seguir
com estes avanços, com os avanços que estão no centro deste debate, assumindo o equilíbrio entre
recuperação económica e proteção social.
Não há nenhuma razão para cavar trincheiras onde antes construímos pontes.
Aplausos do PS.