I SÉRIE — NÚMERO 25
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garantido. O exemplo mais perfeito disso é mesmo a concessão de Montalegre. A Lusorecursos tem a
concessão há dois anos. Já houve alguma exploração mineira em Montalegre? Não houve, Sr. Deputado. E a
Lusorecursos está em risco de perder a concessão exatamente porque não consegue sequer apresentar um
estudo de impacte ambiental conforme.
Portanto, Srs. Deputados, quanto à proposta que apresentam, de duas, uma: ou é redundante, porque
aquilo que procura já está garantido na lei, ou é absurda, porque pretende fazer uma avaliação ambiental
sobre um processo e um plano de lavra que ainda não existe. Assim, é exatamente nos termos da atual lei que
se deve fazer a avaliação de impacte ambiental: o concessionário apresenta um plano de lavra; o plano de
lavra diz exatamente como é o projeto, onde é o projeto e que técnicas vão ser utilizadas; e, aí, sim, inicia-se o
processo de avaliação de impacte ambiental, que, se for negativo, garante que não há mina, que é o objetivo
pretendido por VV. Ex.as.
Protestos doBE.
Srs. Deputados, o objetivo que VV. Ex.as pretendem está garantido e assegurado na lei. Portanto, não
conseguimos compreender o que tanto vos incomoda.
Por outro lado, o Governo escreveu no decreto-lei que aprovou que, sempre que possível, as áreas
protegidas devem ser excluídas, no que respeita à mineração. Ora, a única decisão que o Governo tomou
nesta matéria foi exatamente essa: excluir a Rede Natura. E por que razão não escrevemos que é proibida a
mineração na Rede Natura ou nas áreas protegidas? Porque é na legislação da Rede Natura, na legislação
das áreas protegidas e nos respetivos planos territoriais que essa proibição deve, ou não, existir. Há parques
naturais em cujos regulamentos se diz que a mineração é proibida. No Parque Nacional da Peneda-Gerês é
proibida. Não tem de ser esta lei a dizê-lo, o regulamento do Parque já o diz.
Protestos do BE e da Deputada do PSD Emília Cerqueira.
Srs. Deputados, o Governo, na decisão que tomou, excluiu. O Governo não vai, num decreto-lei de
atribuição de direitos sobre recursos geológicos, legislar algo que a legislação específica dessas matérias
preferiu não legislar. Se quiserem proibir minas na Rede Natura, alterem a lei relativa à Rede Natura. Não faria
sentido, como já referiu aqui o Sr. Ministro, dizermos aqui que toda e qualquer indústria é proibida na Rede
Natura. Porquê? Porque depende, depende da zona.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Ah!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Energia: — Haverá zonas onde são proibidas e outras em que não são proibidas. E, naquelas zonas onde não são proibidas, o procedimento adequado para perceber se a
indústria x ou y deve ou não existir naquela zona é a avaliação de impacte ambiental. É aí que os impactes
são medidos. Uma proibição tout court teria este extraordinário resultado: a maior mina portuguesa, a mina
que é um exemplo ambiental internacional, referida em todo o lado como uma das minas mais sustentáveis do
mundo, fica exatamente na Rede Natura. E porquê? Porque se fez uma avaliação e se concluiu que aquele
projeto em concreto — se calhar, se fosse outro, não era aprovado — dava as garantias suficientes para
permitir a sua aprovação.
Convido os Srs. Deputados a visitar — e tenho a certeza de que, pelo menos, os Srs. Deputados do BE
nunca o fizeram, e deviam fazê-lo — a mina da SOMINCOR para verem o que é uma mineração sustentável,
com garantia para as populações e com a proteção do ambiente, no coração da Rede Natura 2000.
Significa isto que o Governo quer atribuir direitos de prospeção e pesquisa na Rede Natura 2000? Não, até
porque retirou essas áreas do concurso que pretende promover.
Por outro lado, também não compreendemos algumas posições do PSD. O PSD aparece aqui, que nem
«estrada de Damasco», convertido à posição de «não queremos atribuição de direitos em áreas protegidas ou
Rede Natura 2000». Srs. Deputados, ao menos, podiam explicar por que é que apoiaram a atribuição desses
direitos no passado…