I SÉRIE — NÚMERO 7
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Assim, apresentamo-nos, hoje, no debate com sensibilidade e bom senso, sensibilidade de quem compreende que o tabagismo é um problema grave de saúde pública, que anualmente mata centenas de fumadores, incluindo fumadores passivos, e que compromete também a qualidade de vida de crianças e jovens, além de ser um problema ambiental, social e político. Por isso mesmo, acompanhamos a introdução de restrições, por exemplo, em determinados locais, como as paragens de transportes públicos, redondezas das escolas ou praias.
Mas neste debate também queremos bom senso e proporcionalidade e não aceitamos soluções excessivas ou abusivas, como aquelas que estão previstas para os estabelecimentos de ensino superior, as esplanadas, os postos de vendas, que, de tão exageradas, não só põem em causa o investimento que já foi exigido no passado aos comerciantes como também põem em causa os objetivos propostos com a própria transposição da diretiva.
Por outro lado, queremos colocar o foco nos enormes impactos ambientais que podem ser provocados pelo tabaco. Se, aquando da lei das beatas, o PAN já tinha alertado para a necessidade de sensibilização nesta matéria, não podemos esquecer que a pegada ambiental da indústria do tabaco continua a ser gigantesca.
Protestos do Deputado do CH Filipe Melo. A cada ano, falamos de 600 milhões de árvores abatidas, 22 biliões de toneladas de água consumidos,
84 milhões de toneladas de CO2. E, como se isto não bastasse, as beatas são o lixo mais deitado para o chão no planeta, a que se vieram somar agora os vaporizadores, o tabaco aquecido, onde não existe qualquer cadeia nem fluxo de resíduos, com um impacto ambiental, ainda assim, acrescido.
É por isso mesmo que, para o PAN, é preciso ir mais longe. Passados três anos da implementação desta lei, é preciso criar medidas mais inovadoras para que haja uma
mais correta deposição das beatas, mas também para que haja mais ações de conservação da natureza, nomeadamente através do Fundo Ambiental, e de preservação dos recursos, assim como uma estratégia para o reaproveitamento que aposte, de modo estrutural, em projetos inovadores para as pontas de cigarro, nomeadamente para a produção de tijolos, de papel e até de pranchas de surf. Passados três anos, queremos mais transparência também na aplicação desta lei e nos seus resultados.
O Sr. Filipe Melo (CH): — Estás a usar o tempo do PSD? A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr.as e Srs. Deputados, são propostas simples, mas cruciais para um
futuro em que o direito a um clima estável e à saúde pública das presentes e futuras gerações pode e deve ser respeitado, assim haja abertura na especialidade.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — A Sr.ª Deputada tem um pedido de esclarecimento, mas não tem tempo
para responder. Pergunto se mantêm o pedido de esclarecimento e, já agora, também pergunto se disponibilizam algum
tempo para a Sr.ª Deputada poder responder. O Sr. Pedro Pinto (CH): — O PSD! O Sr. André Ventura (CH): — O PSD é que tem de tratar disso! A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada, já percebi que não. Para formular esse pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura. O Sr. André Ventura (CH): — Sr.ª Presidente, uma vez que a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real já não tem
tempo para responder, vou apenas dizer isto, com todo o respeito: as propostas que traz aqui têm zero a ver com o que está a ser discutido, têm que ver com a lei das beatas e não com a prevenção do consumo de tabaco — portanto, nem deviam ter sido admitidas num primeiro momento, mas, com o PAN, tudo é permitido —,…