29 DE SETEMBRO DE 2023
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presente proposta de lei. Todas elas têm uma abordagem particular, que é a sua, umas vezes mais centrada nas questões da saúde, outras na economia, outras nos direitos fundamentais dos cidadãos e outras ainda na desnecessidade de o Estado intervir nestes assuntos.
Não faz muitos meses, houve nesta Câmara um amplo consenso sobre a virtualidade da criação da Secretaria de Estado da Promoção da Saúde pelo XXIII Governo Constitucional. Hoje, mais do que nunca, aqui nos nossos debates, entre os diferentes representantes dos partidos e mesmo com o Governo, falamos e desejamos desencadear medidas para prevenir a doença ao invés de nos ocuparmos estritamente em a tratar. Sobre isto, entendo que posso inferir que estamos unidos neste desiderato, apesar de ter noção de que não poucas vezes teremos e teríamos opções diferentes a serem tomadas por cada força política sobre como melhor tratar a doença.
Se nos meios a utilizar para o combate da doença até podemos divergir, na prevenção da doença não faz sentido que não tenhamos uma só voz. A prevenção da doença não pode ser arma de arremesso para colocar portugueses contra portugueses.
Vozes do PS: — Muito bem! O Sr. André Ventura (CH): — Mas isso não é prevenção, é proibição! O Sr. Paulo Marques (PS): — Todos nós temos presente, sem qualquer tipo de dúvida, que o consumo de
tabaco é responsável direto por milhões de mortes no mundo e por largos milhares em Portugal. Porém, ainda dentro destas estatísticas, existem muitas outras mortes desencadeadas devido à exposição ao fumo ambiental.
Para que possamos ter uma discussão séria sobre as melhores medidas a tomar para evitar que o tabaco ganhe novos e mais fumadores, para aqueles que entendem que devem ser tomadas medidas para evitar, reduzir e atenuar aqueles e outros danos, não vale como argumento misturar neste assunto outros também importantes para a promoção da saúde, como seja o elevado consumo de álcool existente, de açúcar, de sal, de excesso de exposição ao sol, de poluição atmosférica, de consumo das drogas, entre outros que podemos eventualmente elencar.
Não, isso não colhe como argumento válido e não é sério para esta discussão. Protestos de Deputados do CH e do BE. Não usaram aqui agora, mas já usaram antes. Agora estamos a discutir propostas a desencadear para combater o tabagismo, que é um problema global e
de saúde pública, e não os consumidores de tabaco, como por aí já se ouviu que esta lei ou que esta proposta de lei visava.
Esta iniciativa do Governo, em apreciação, teve como base, como já foi amplamente divulgado, a transposição da diretiva comunitária sobre a retirada de certas isenções aplicáveis aos produtos de tabaco aquecido.
O Sr. André Ventura (CH): — É falso! O Sr. Paulo Marques (PS): — É seguramente do conhecimento das Sr.as e dos Srs. Deputados que existe
um conjunto de normativos, planos e metas, de ordem europeia e mundial, como o caso do Plano Europeu da Luta contra o Cancro,…
O Sr. André Ventura (CH): — É falso! Não tem nada a ver com a vossa proposta! O Sr. Paulo Marques (PS): — … a Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde e a Agenda 2030,
com os quais Portugal está alinhado, pelo menos os portugueses europeístas. Ainda no passado dia 15 de setembro, aquando do debate aqui realizado por ocasião do 44.º aniversário do
Serviço Nacional de Saúde, vários de nós evidenciámos, com orgulho, alguns indicadores em relação aos quais pedimos meças aos países do centro e do norte da Europa.