I SÉRIE — NÚMERO 7
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A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Até então, sim, as pessoas que optavam por não fumar eram manifestamente afetadas pelo fumo de quem optava por fumar. O que aqui agora está em causa é um complexo sanitário feito com o paternalismo do Estado.
Aplausos da IL. Hoje em dia, todos sabemos que o tabaco faz mal e toda a evidência científica o comprova. Esta proposta
de lei surge como uma condenação do Governo a um comportamento que considera errado. Mas, como o Governo não tem a coragem para proibir totalmente o consumo de tabaco, porque isso seria impopular ou entendido como uma medida digna de uma ditadura, optou por tornar tudo tão difícil, achando, assim, que todos serão vencidos pelo cansaço e por todas estas proibições excessivas.
Ao longo desta proposta de lei, podemos ver que é taxativa em proibições e restrições para os cidadãos e para as empresas. «É proibido», «é proibida», «são proibidos», «é ainda proibido»: todas são expressões que o Governo não se cansou de utilizar ao longo do texto.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — E o PAN também! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — No entanto, no que diz respeito às obrigações do Estado, o Governo já é
bastante lacónico. Sobre a informação e educação para a saúde, «o Estado deve»; sobre consultas de cessação tabágica, «devem ser criadas»; sobre o acesso a medicamentos de substituição da nicotina ou a medicamentos antitabágicos, «deve ser promovida». Isto é, os cidadãos e as empresas são obrigados a tudo e estão proibidos de tudo, mas o Estado, essa suposta pessoa de bem, já só deve.
Mais: está o Governo ciente de que, com tantas proibições e, nomeadamente, com todas estas restrições à venda, isso só vai incentivar a venda ilegal de cigarros? É que quem quiser comprar e quem quiser continuar a fumar vai, obviamente, fazê-lo, mas recorrendo a um mercado negro, que vai ser promovido pelo próprio Estado e de uma forma em que a qualidade dos produtos e, portanto, a saúde dos cidadãos, não vão estar minimamente asseguradas.
Mas vamos ainda a outras questões. Quantas micro, pequenas e médias empresas vão ser afetadas por estas proibições? Quantos empregos vão ficar em risco ou mesmo perder-se? O Governo tem alguma estimativa deste impacto económico?
Por falar em impacto, não posso deixar de perguntar à Sr.ª Secretária de Estado onde é que está o relatório de avaliação da lei atual, que ainda está em vigor, que o Governo devia ter feito e enviado ao Parlamento.
Aplausos da IL. Lembro que esse relatório deveria ter chegado três anos após a entrada em vigor da lei, que, como todos
sabemos, foi em 2017. Até agora, nem vê-lo. O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Bem lembrado!! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o Governo reconheceu que a
transposição da diretiva é apenas um detalhe desta proposta de lei; reconheceu que a liberdade individual conflitua com o objetivo de fazer com que fumar deixe de ser um ato normal; e garantiu que o tabaco é legal, que não está a ser ilegalizado e que não proíbe, não estigmatiza e não limita nada aos fumadores.
O Governo afirmou também que proteger os mais vulneráveis de ameaças é uma função do Estado; e afirmou que o Estado não é paternalista, é protetor.
O Sr. Ministro da Saúde (Manuel Pizarro): — E é mesmo! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Srs. Deputados que aqui estão e que são fumadores, mesmo aqueles que
são do Partido Socialista, parece que o Governo vos considera uma ameaça.