12 DE OUTUBRO DE 2023
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O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero aproveitar a presença do Governo para o
questionar relativamente a estas dificuldades por que passa o SNS. O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — É para ir à Rússia ou não? O Sr. João Dias (PCP): — Naturalmente que, da leitura que fazemos da situação grave por que passam os
serviços de urgência, da difícil situação por que passam os profissionais de saúde, entendemos que existe uma premeditação do Governo relativamente a esta matéria. E esta premeditação resulta do facto de o Governo deixar arrastar toda esta situação da falta de médicos nos serviços de urgência, de uma forma geral, nas diversas valências.
E é para isto que o quero alertar, Sr. Ministro: não tente culpabilizar os profissionais de saúde por rejeitarem fazer mais de 150 horas extraordinárias.
O Sr. Ministro da Saúde: — Eu?! Nunca na vida. O Sr. João Dias (PCP): — Recordo — o Sr. Ministro sabe-o muito bem, e os Srs. Deputados também o
sabem — que, dos médicos que estão hoje a recusar as mais de 150 horas, muitos deles já têm 500, 600, 800 horas extraordinárias feitas, e estamos em outubro. Portanto, eles não estão a recusar as 150 horas, já estão a recusar além das 600, 700 e 800 horas.
Porque é que o Governo resiste a isto? O Sr. Pedro Pinto (CH): — E os funcionários do Avante? O Sr. João Dias (PCP): — A questão que se deve colocar é: porque é que o Governo resiste a resolver este
problema da falta de médicos no serviço de urgência?! Aplausos do PCP. Porque está à espera do colapso — aquele colapso que o Chega, a Iniciativa Liberal e o PSD estão desejosos
de que aconteça; aquele colapso de que os abutres, que são os grupos económicos da saúde,… O Sr. António Cunha (PSD): — Vocês é que são os abutres deles! O Sr. João Dias (PCP): — … estão à espera para abocanharem esta parte importante do negócio que é a
saúde. É isto que está em causa, Sr. Ministro. Protestos do PSD e do CH. Por isso, há uma coisa que lhe quero dizer e deixar bem clara: tudo o que acontecer no Serviço Nacional de
Saúde e nos serviços de urgência é da inteira responsabilidade do Sr. Ministro, é da inteira responsabilidade do Governo, e não pode passar a culpa para os profissionais de saúde, porque a culpa, com todo o respeito, é toda sua, Sr. Ministro.
Aplausos do PCP. O Sr. Bruno Nunes (CH): — Seis Orçamentos! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Já foi à Rússia? O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Frazão, do Grupo
Parlamentar do Chega.