19 DE OUTUBRO DE 2023
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O Sr. André Ventura (CH): — Sim, o IVA, o IVA, que é disso que temos de falar, não é lá dos escalões que
o senhor quer falar. Não! Diga a estas pessoas todas que, quando forem à mercearia, vão pagar mais. Olhe,
diga àqueles que têm carros com matrícula anterior a 2007… Eu, se tivesse um carro anterior a 2007, estampava
a cara do Fernando Medina no carro, que era para dizer «aqui está o autor desta medida, porque eu, que não
tenho dinheiro para comprar um carro e por isso o meu é anterior a 2007, vou pagar mais 400 % de IUC». É
isso!
Aplausos do CH.
Diga lá, olhe as pessoas ali! Está a ver? Era tão fácil! Olhe ali! Está a ver? Está a ver?
Sr. Ministro, era levantar-se e falar com estas pessoas que aqui estão, porque elas iam gostar de o ouvir falar
sobre isso.
Sr. Primeiro-Ministro, reconhece ou não que, neste Orçamento, para além da vergonha do aumento de IUC,
que deixaria corado qualquer democrata — que deixaria corado qualquer democrata! —, os impostos indiretos,
que vão aumentar, são maiores do que o alívio fiscal que vai dar aos portugueses? Acho, Sr. Primeiro-Ministro
— podemos ter o debate que quiser —, que era uma questão de honestidade, de sensatez e de dizer assim:
«Eu, Primeiro-Ministro, sim senhor, vou baixar o IRS, mas com a tal outra mãozinha de fora vou aumentar os
outros impostos». Era só isto.
Aplausos do CH.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Ventura, é difícil manter consigo um debate
ao nível a que a Assembleia da República está habituada, e habituou os portugueses, e que existe na
democracia parlamentar.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CH Bruno Nunes.
Podia começar por dizer, delicadamente só, que, depois de o Sr. Deputado ter dito que acredita mesmo —
olhe para mim, olhe para mim! — que eu tenho três mãos, então, estamos todos esclarecidos sobre a
credibilidade de qualquer coisa que o Sr. Deputado possa dizer.
Mas há outra coisa que os portugueses também sabem: quando um orador usa excesso de adjetivos,
excesso de agressividade e excesso de insulto é porque tem défice de razão.
Aplausos do PS.
A Sr.a Rita Matias (CH): — Qual insulto? Diga lá que insulto!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, quando o Sr. Deputado precisa de utilizar expressões como «gamar»,
«tretas», «vigarice», «burla», cada uma destas palavras só quer dizer que o senhor não tem a menor razão nem
a menor credibilidade para dizer o que quer que seja.
Aplausos do PS.
O Sr. Deputado, em vez de querer ter uma discussão séria sobre matéria fiscal, precisa de recorrer — eu ia
dizer a um truque, mas não digo — a uma manobra de diversão, que é procurar criar um embaraço que não
existe entre a posição do Governo, a posição do Partido Comunista Português e a do Bloco de Esquerda em
relação a matérias em que cada um sempre manteve a sua identidade, a independência de posições e a
divergência quanto às posições de cada um. Não há nenhum embaraço da minha parte e presumo que não haja