I SÉRIE — NÚMERO 24
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O Sr. Rui Tavares (L): — Vá, levantem-se!
O Sr. Presidente: — Para intervir, em nome do Grupo Parlamentar do Chega…
Continuação dos protestos do PS.
Os Srs. Deputados que continuam a manifestar-se, não sei se estão a mostrar desrespeito perante o Sr.
Deputado Rui Rocha. Na prática, estão a mostrar desrespeito perante mim próprio.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Exatamente! Respeito pelo Presidente!
O Sr. Presidente: — Vai agora usar da palavra, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, o Sr. Deputado
André Ventura, para uma intervenção.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente de algumas bancadas deste Parlamento, Sr. Primeiro-Ministro
em funções até ao início da próxima semana, Srs. Membros do Governo: Este será o último Orçamento de
António Costa, o último Orçamento que é apresentado aos portugueses no maior clima de degradação das
instituições de que há memória em Portugal.
Não, Sr. Primeiro-Ministro, ninguém o demitiu. Não o demitiu o Presidente da República, não o demitiu a
Assembleia da República. O Sr. Primeiro-Ministro demitiu-se no meio de um escândalo de compadrio e
corrupção como há muito tempo não havia em Portugal.
Aplausos do CH.
O que é irónico e curioso nesta história é que o Partido Socialista acaba por ser vítima do próprio clima
irrespirável de compadrio, de negociata e de promiscuidade que promoveu ao longo dos últimos anos e que
acaba por fazer como vítima primeira o seu Governo.
Adelino Amaro da Costa foi morto em Camarate. Numa das suas frases mais famosas, dizia: «A situação
debaixo do universo está caótica, mas está maravilhosa para nós.» Sr. Primeiro-Ministro, para o PS, esta é uma
situação caótica e o País sofre com isto, mas esta é a nossa oportunidade. É a oportunidade que o País tem de
cortar com o empobrecimento, de cortar com a corrupção, de cortar com pensões baixas, de cortar com um País
atrasado, de cortar com o socialismo que nos torna cada dia mais pobres. Por isso, se Adelino Amaro da Costa
aqui estivesse hoje, diria: «A situação é caótica, mas nós — todos nós! — temos uma grande oportunidade para
fazer este País um pouco diferente.»
Aplausos do CH.
Quis, no entanto, a história que o Governo de António Costa ainda se apresentasse a este Parlamento com
um último documento orçamental.
Assim, no encerramento deste debate, que será o último dos últimos do Partido Socialista por muitos anos
— espero eu, por muitas décadas —, é tempo de olharmos para um documento e ver se ele responde a alguma
coisa do que prometeram responder.
É que o Sr. Primeiro-Ministro não o é há dois anos, nem há três, nem há cinco. É Primeiro-Ministro há oito
anos, e são esses oito anos que hoje estão em julgamento.
São cambalhotas eleitoralistas de que não há memória! Num mês, decidem que é bom aumentar o IUC dos
veículos mais velhos e decidem mudar a lei do tabaco, proibindo a sua venda e aumentando as suas taxas.
Mas, um mês depois, como há eleições no horizonte, já não é bom fazer nada disso. O PS refletiu e o PS mudou
de posição, como sempre fez. Não lhe interessam as gerações, interessam-lhe as eleições. É assim que o PS
faz há muitos anos.
Aplausos do CH.