I SÉRIE — NÚMERO 25
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O Sr. Pedro Pinto (CH): — Muito bem! O Sr. André Ventura (CH): — É que o que temos ouvido não nos tranquiliza absolutamente nada, quando
vemos que os mesmos protagonistas que são consultores do Governo e amigos de António Costa, ou ex-melhores amigos de António Costa, são, eles próprios, intermediários na execução de negócios públicos e na execução de negócios com o dinheiro da República.
O Sr. Bruno Nunes (CH): — Muito bem! O Sr. André Ventura (CH): — Pode o Governo assegurar, e está ou não em condições de o fazer, que, neste
final de Legislatura e no caminho para as eleições do dia 10 de março, os negócios do lítio, do hidrogénio e do data center foram feitos em consonância com a lei, cumprindo-a escrupulosamente, cumprindo a Constituição, cumprindo as regras da contratação administrativa, afastando as suspeitas de conluio e compadrio que pesam sobre estes negócios?
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Exatamente! O Sr. André Ventura (CH): — À hora a que aqui estamos, há questões a que é importante o Governo
responder, e por isso talvez este debate de urgência se justifique mais do que nunca. Sr.ª Ministra, membros do Governo, faz sentido que um consultor de uma empresa que estabelece um data
center em Sines seja, ao mesmo tempo, uma peça-chave no Governo de António Costa e consultor intermediário do negócio da TAP (Transportes Aéreos Portugueses)? Faz sentido que o melhor amigo do Primeiro-Ministro, ele próprio um elemento destacado e representativo, contratualizado ou não, no negócio da TAP, seja quem está a executar e a intermediar o negócio de base de dados de lítio e de hidrogénio noutra região do País?
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Bem lembrado! O Sr. André Ventura (CH): — Esta é uma questão a que o Governo deve responder, tranquilizando os
portugueses. Soubemos ontem que o licenciamento de muitos destes negócios foi feito em área protegida, mas sabemos
mais. Quanto às suspeitas de que foram feitas algumas alterações para contornar a legislação ambiental, sabemos que ocorreram e são hoje reconhecidas pelo próprio Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O Governo não pode fugir a estas questões, não do ponto de vista judicial, mas do ponto de vista político. Sr.ª Ministra, o Governo da República levou ou não a cabo alguma influência ou intervenção para contornar
a legislação ambiental nesta matéria e permitir que negócios como os do data center, do lítio e do hidrogénio fossem implantados em Portugal?
O Governo da República fez ou não pressão sobre o autarca de Sines para que os projetos fossem concluídos e executados, caso contrário conheceria a mão de «Deus», ou o papel de protagonista do próprio Primeiro-Ministro, que o sancionaria com a falta de apoio político?
Sr.ª Ministra, Srs. Membros do Parlamento, é uma degradação absoluta e é uma depreciação clara da função institucional.
O Sr. Bruno Nunes (CH): — Muito bem! O Sr. André Ventura (CH): — Os órgãos de soberania encontram-se cada vez mais desprestigiados, e nós
não conseguimos encontrar um único motivo com que este Governo consiga ainda defender a sua própria visão com um mínimo de decência.
Faz sentido que alguns destes negócios continuem a ser celebrados desta forma, em que, processos judiciais à parte, todos ouvimos como alguns, que são amigos ou intermediários, conseguiram influenciar, ou tentar influenciar, o Primeiro-Ministro de Portugal ou outros ministros a levar a cabo aquilo que as empresas queriam que fosse levado a cabo?