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I SÉRIE — NÚMERO 31

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O Sr. Alexandre Poço (PSD): — Mas, Sr.as e Srs. Deputados, caminhamos para o fim deste debate e o PSD não poderia deixar de reafirmar, mais uma vez, a sua posição.

Somos convictamente a favor da solução dos dois Estados, conforme preconizado na Resolução 181 das Nações Unidas, de 1947, que previa a criação de um Estado árabe e de um Estado judeu no território da Palestina. Acreditamos que esta solução, além de ser justa e a mais historicamente sustentada, é também aquela que permitirá uma convivência pacífica e segura, para que milhões de pessoas possam viver a sua vida em paz. Quando alcançarmos esta solução, estarão finalmente acauteladas as legítimas aspirações de Israel e da Palestina, reconhecendo a ambos os povos o seu direito à autodeterminação.

Acreditamos, também, que esta deve ser a posição de Portugal na comunidade internacional e, quando formos Governo, trabalharemos com os nossos aliados europeus e atlânticos para avançar num caminho concertado, nomeadamente na retoma do processo negocial de paz que culmine na solução dos dois Estados.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Dizem isso há 20 anos, mas nunca o fizeram! O Sr. Alexandre Poço (PSD): — O PSD participa neste debate e em todos os que envolvem esta questão,

reconhecendo a complexidade do conflito israelo-palestiniano. Não fazemos leituras simplistas que nos levem a conclusões apressadas ou sonsas, procurando colocar num dos lados todas as culpas e todas as responsabilidades de um assunto sério, que já custou a vida a milhares e milhares de pessoas ao longo das últimas sete décadas. Estaremos sempre do lado da solução que culmine na paz e não procuraremos, com as nossas posições, contribuir para inflamar ou dividir, particularmente quando sabemos que a perpetuação deste conflito serve os interesses dos grupos terroristas, serve os interesses dos grupos radicais de ambos os lados e daqueles que querem a destabilização do Médio Oriente, tudo isto com um custo demasiado trágico — a perda continuada de vidas de ambos os lados e a destruição de famílias e comunidades inteiras.

O PSD, Sr.as e Srs. Deputados, nunca pactuará com a vitória do ódio. Mas hoje, também podemos dizer mais: para nós, ser amigo de Israel significa dizer aos nossos amigos israelitas que temos orgulho na democracia que construíram,…

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Têm orgulho no apartheid! O Sr. Alexandre Poço (PSD): — … e que a sua segurança é fator de preocupação de todos nós; que o povo

judeu deve ter um lar nacional para viver em paz e liberdade,… O Sr. Bruno Dias (PCP): — Na legalização da tortura! O Sr. Alexandre Poço (PSD): — … sem ser sujeito a perseguições como as que foram alvo ao longo de

toda a história da humanidade, vivendo no passado dia 7 de outubro o maior pogrom desde os horrores da II Guerra Mundial, com um ataque bárbaro para o qual não há justificação.

Ser amigo de Israel significa estar ao lado da sua dor e na exigência de que todos os mais de 130 reféns, feitos pelo Hamas, voltem às suas casas e sejam entregues às suas famílias.

Ser amigo de Israel significa ajudar à criação e continuação de laços de amizade e de reconhecimento do seu direito a existir por parte dos países árabes, como é o caso do Egito e da Jordânia, com quem tem tratados de paz, e, mais recentemente, através dos acordos feitos com o Bahrein, com os Emirados Árabes Unidos, com Marrocos ou com o Sudão.

Mas ser amigo de Israel também significa dizer aos nossos amigos israelitas que afastar-se da solução dos dois Estados, que acautela a autodeterminação dos palestinianos, também acabará por prejudicar e colocar em causa a sua própria segurança, a segurança e a vida dos seus cidadãos e a sustentabilidade futura do seu Estado.

Sr.as e Srs. Deputados, por outro lado, ser amigo da Palestina significa, para nós, dizer aos nossos amigos palestinianos que concordamos com o seu objetivo e com a sua autodeterminação, que permita a criação do Estado da Palestina.

Ser amigo da Palestina significa, para nós, apoiar a sua autoridade, reconhecida internacionalmente, para que consiga estabelecer-se como legítima e pacífica interlocutora da vontade do povo palestiniano.