20 DE DEZEMBRO DE 2023
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Isto não é ausência de preocupações humanitárias, Srs. Deputados, isto são crimes de guerra. Isto é uma prática comprovada de limpeza étnica, já demonstrada nos relatórios dos enviados especiais da ONU ao Médio Oriente.
Srs. Deputados, reafirmamos aqui a questão central neste debate: o direito dos povos da Palestina e de Israel à paz e à segurança pode ser alcançado sem uma solução política e sem o fim da ocupação? Não pode, Srs. Deputados!
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Tem de terminar, Sr. Deputado. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino, Sr. Presidente. Quanto aos assassinatos dos palestinianos em Hebron ou em Jenin — como sabem, isto não é em Gaza —
pelo exército de ocupação, não é o combate ao Hamas que está em causa. O PS, lado a lado com os partidos da direita, pode continuar a pôr o Estado português na posição vergonhosa de seguidismo em que se coloca, mas não vão pôr o povo português, porque o povo português está a fazer ouvir a sua voz em solidariedade com o povo da Palestina.
Aplausos do PCP. O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares. E para
que não se diga que a Mesa não é generosa, o Sr. Deputado Rui Tavares tem 7 minutos e 37 segundos para o fazer.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Ninguém merece! O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Não é a Mesa, é o Regimento! O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente, Caras e Caros Colegas, Caros Membros do Governo: Lamentando,
no entanto, que tenham vindo para outro debate em agenda e que aqui, quando se discutiu, entre outras coisas, como dar tudo por tudo para salvar cidadãos também portugueses, luso-israelitas, luso-palestinianos, não tenha estado o Governo para nos dizer que esforços está a envidar e esperemos que sejam muitos e urgentes.
Neste debate falou-se muito de História. Falou-se de história bíblica, falou-se do Império Bizantino, falou-se da linha de Sykes-Picot e falou-se do caso Dreyfus. Julgo que não surpreendo ninguém ao dizer que gosto muito de História. É a minha vocação, dediquei ao seu estudo a minha vida. Gosto de História mesmo quando ela é terrível e não deixa de ser fascinante. Mas, Srs. Deputados, mais do que gostar de História, temos de gostar de crianças vivas. Temos de gostar de crianças que vão ver os seus pais; que os pais reféns vão ser libertados; que não vão ver, como no poema de Refaat Alareer, que li no início, o pai desaparecer numa explosão. E, portanto, falar de História não pode ser desculpa para dizer que o problema é muito complexo.
Claro, a existência humana é muito complexa, mas há coisas que são simples. Não é dizer que o problema é muito difícil. Não fomos eleitos, Sr.as e Srs. Deputados, para falar dos problemas fáceis, fomos eleitos para falar dos problemas difíceis. Não fomos eleitos para estar à mesa do café a dizer: «Porque é que eles não se entendem? Quando é que aquilo se resolve?» Nós fomos eleitos para Portugal ter uma voz, uma voz política.
Aplausos dos Deputados do PS Carla Sousa e Miguel Matos. Não fomos eleitos, Sr.as e Srs. Deputados, para dizer que num tempo vindo o Governo há de resolver. Onde
é que está aquele Parlamento orgulhoso, com brio parlamentar, com capacidade de trazer um Governo à sua fiscalização, capaz de assumir uma posição política e depois o Governo faça a sua diplomacia, que é o papel dele? Para isso fomos eleitos.
Não fomos eleitos, Sr.as e Srs. Deputados, para ouvir aqui dizer, há dois meses apenas, que era preciso condenar o terrorismo sem «mas» — é uma coisa que está bastante na moda dizer-se, «não se pode dizer “mas”». Caras e caros colegas, do PS ao PSD, à Iniciativa Liberal, ao Chega, a estes grupos parlamentares certamente ouvi aqui tantas versões «mas» e «todavia» e «contudo» e «porém» e «no entanto» e «não é o