I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Livre, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Tavares.
O Sr. Rui Tavares (L): — Sr. Presidente: O debate anterior e este debate são, de certa forma, o lado A e o
lado B do mesmo disco. Ora mais tonitruante ora mais melífluo, a ideia é sempre a mesma: é a de que o País
vai para um caos, a decadência está à nossa espera, toda a atividade política é corrupta, mas, pasme-se, há
uma solução. Dizia o Sr. Deputado Rui Paulo Sousa que, se se adotasse a iniciativa do Chega, não tinha
acontecido nada do que aconteceu na Operação Influencer.
Ora, julgo que se pretendem regular atividades que consideram legítimas, o objetivo nunca poderia ser tornar
legítimo aquilo que é, de si, ilegítimo. Ou seja, a regulação da relação dos poderes políticos com interesses
sociais não pode ser uma maneira de tirar o que está no Código Penal e pô-lo na Classificação das Atividades
Económicas (CAE) do IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares). Isso não é a intenção.
Há, certamente, uma regulação para a forma como as instituições lidam com grupos de interesses na
sociedade, que são legítimos em determinados casos, como existe a nível internacional e é recomendado por
instituições da ONU (Organização das Nações Unidas). Por exemplo, reuniões com a indústria tabaqueira
devem ser sempre gravadas para que se tenha acesso ao conteúdo do que foi dito nessas reuniões; e há outras
medidas que, aliás, o Livre acompanha e acompanhará em debates subsequentes.
Não se pode nunca é dizer que, regulando essa atividade de interação entre representantes eleitos ou
governantes e interesses sociais, aquilo que é crime deixa de ser crime. O que é crime continuará a ser crime.
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado tem de concluir.
O Sr. Rui Tavares (L): — O seu lugar é no Código Penal, não é na CAE do IRS.
Portanto, acompanharemos o debate que se vai fazer. Achamos que há um lugar à regulação, mas não,
certamente, transformando aquilo que deve ser e continuará a ser ilegítimo.
O Sr. Presidente: — Para intervir, em nome do Grupo Parlamentar do Chega, tem a palavra o Sr. Deputado
Gabriel Mithá Ribeiro.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): ⎯ O marxismo cultural!
O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — Sr. Presidente de algumas bancadas, Sr.as e Srs. Deputados: Falar de
política, para o partido Chega, é relativamente simples. Política é tudo o que resulta das relações entre a
sociedade e o Estado.
Defender a liberdade dos portugueses comuns, para nós, também é muito simples. Nessa relação, quanto
maior o ascendente do Estado sobre a sociedade, tanto menor a nossa liberdade. E vice-versa: quanto maior o
ascendente da sociedade sobre o Estado, tanto maior a nossa liberdade.
PS, PCP e Bloco de Esquerda viveram sempre em rota contrária. Quem conhece minimamente a condição
humana sabe que uma coisa é o que se pensa, outra é o que se diz, outra é o que se faz.
Aproveito aqui uma ideia do Deputado do PSD Rui Cruz, mas relembro Max Weber.
Risos do PCP.
Max Weber escreveu isto:…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Coitado do Max Weber, que não tem culpa nenhuma!
O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — … «Em geral, a ação política tem uma relação absolutamente
inadequada e, muitas vezes, até paradoxal com o seu sentido originário» — 50 anos de esquerda em Portugal
dão razão absoluta a Max Weber.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Coitado do Weber!