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I SÉRIE — NÚMERO 33

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Este governante encomendou um estudo e esse estudo concluiu que este setor beneficiava de 300 milhões

de euros em rendas, identificando, aliás, os cortes necessários a estas rendas excessivas.

Henrique Gomes estava interessado em segui-las, mas viu-se impedido de falar publicamente sobre este

assunto, acabando mesmo por se afastar do cargo governativo que desempenhava.

Mais tarde, afirmou publicamente que se afastou porque o Governo não queria prosseguir o interesse público,

denunciando o domínio do setor energético sobre a imprensa, sobre os consultores e sobre os advogados.

Mas que teias é que são estas que envolvem PS e PSD?

Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves.

Como é que é possível rastreá-las e conhecê-las, se não criamos mecanismos de transparência e

empurramos estas atividades para os almoços entre amigos e para as chamadas na calada da noite?

Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves.

Trouxe este exemplo, que se soma a muitos exemplos atuais, recentes, que envolvem ex-governantes aqui

sentados, também envolvidos com o setor da energia, para que percebam que PS e PSD estão viciados nestas

teias e é tempo de novos partidos sem vícios terem mais preponderância na nossa democracia.

Aplausos do CH.

Mas trago um segundo exemplo: as empresas tecnológicas têm hoje o poder de influenciar os cidadãos e as

democracias e, por exemplo, nas redes sociais, determinam qual é a voz que os decisores políticos podem ter,

quer seja amplificada quer seja censurada mediante os seus critérios e normas de comunidade.

Estas empresas investem 113 milhões de euros por ano em lobby, em Bruxelas, para influenciar a política

digital europeia, com a Meta, a empresa detentora do Facebook e Instagram, a liderar.

Mas, em Bruxelas, ainda é possível rastrear e acompanhar este processo. E em Portugal? Quais são estas

empresas que procuram influenciar? Estas empresas reúnem com decisores políticos? Não sabemos e não

temos como saber.

Por isto, quando, esta semana, vemos a conta do líder do terceiro maior partido português, André Ventura,

ser cancelada e banida do Facebook, é possível questionar: afinal, há promiscuidade entre o poder político e as

empresas detentoras das redes sociais?

Aplausos do CH.

Protestos de Deputados do PS.

Estas são questões que o cidadão comum tem e não tem como responder.

Srs. Deputados, as instituições querem-se independentes e os poderes separados e isto é basilar para uma

democracia, mas sabemos que a democracia está desacreditada, bem como as suas instituições, quando 93 %

dos portugueses consideram que a corrupção é prática comum no nosso País. Por isto, temos de credibilizar as

instituições, começando por credibilizar este debate, onde há uma mistura de conceitos propositada.

Sabemos que regulamentar o lobby não acaba com a corrupção toda de uma vez, mas a verdade é que

«aperta a malha» e traz mais transparência e possibilidade de escrutínio, garantindo maior acesso, equidade e

transparência nos processos de tomada de decisão.

Reparem que vivemos uma crise política em que temos um Governo que se demitiu por suspeitas de tráfico

de influência, com o chefe de gabinete e o melhor amigo do Primeiro-Ministro contratados por empresas para

influenciar as decisões do Governo. Mais, o Presidente da República também está envolvido num caso de

suspeita de favorecimento, em resposta a um pedido do próprio filho.

A perceção generalizada de que a informalidade, o favorecimento e a cunha são formas comuns de exercício

de poder em todas as esferas vai avançando na sociedade portuguesa.

Por isto, não é o Chega que, de forma populista, quer trazer lama para o debate político.