I SÉRIE — NÚMERO 35
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o Estado social se salva. Muito menos devemos pensar que é em minoria, em trincheiras, que o Estado social se reinventa.
Aplausos do PS. O Sr. Filipe Melo (CH): — Já tens o cartão do PS? O Sr. Rui Tavares (L): — Porque quando nós defendemos, como o Bloco defendeu os cuidadores informais,
ou como o Livre defendeu o alargamento do subsídio de desemprego às vítimas de violência doméstica, ou a experiência-piloto da semana de quatro dias, ou a carta dos direitos dos cidadãos seniores — e quero, Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que nos acompanhe nessa medida que vem ainda aqui a votos na próxima semana — ou quando, Sr. Ministro da Economia, dizemos que é preciso fazer o que desde a Constituição não foi feito, que é uma lei para as cooperativas, para a autogestão, para o poder dos trabalhadores nas empresas, é todo o mundo do Estado social, da igualdade, mas também da liberdade para cada um e para cada uma de nós que está por reinventar.
E nós não ganharemos no próximo dia 10 de março — nós, a metade progressista deste País —,… O Sr. Filipe Melo (CH): — Ah, já te estás a vender! O Sr. Rui Tavares (L): — … se não formos com uma ideia de futuro, de reinvenção e conquista para o Estado
social; não ganharemos se formos apenas na trincheira da defesa e da resistência. Aplausos do PS. A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Estás a tomar as dores do PS, nós não o fazemos! O Sr. Presidente: — Vamos então passar à fase de encerramento da interpelação. Para encerrar o debate, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula
Santos. A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP
trouxe a este debate problemas concretos, reais, sentidos pelos trabalhadores e pelos reformados; de quem trabalha e trabalhou uma vida inteira e para quem o salário e a reforma não dá até ao final do mês; de quem não consegue aquecer a sua casa; de quem não consegue comprar todos os medicamentos de que necessita; de quem não consegue encontrar casa para viver.
Neste debate ficou demonstrado o desfasamento do discurso do Governo do PS com a realidade. Para o Governo, tudo está melhor. Mas, se está tudo melhor, porque é que as pessoas sentem mais dificuldades?
Vozes do PCP: — Claro! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — E se está melhor, porque é que isso não tem tradução na vida das pessoas? O Sr. Bruno Dias (PCP): — Para alguns está! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Foram aqui trazidos, por parte do Governo, vários números relativamente às
medidas que afirmam terem avançado, mas a verdade é que o dia a dia revela que elas são insuficientes, que não resolveram os problemas estruturais e que a degradação do poder de compra dos trabalhadores e dos reformados continua.
O que o Governo queria verdadeiramente era esconder que não fez o que era preciso ter feito e que não o fez porque não quis, apesar de dispor de todas as condições e recursos para o fazer.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente!