5 DE JANEIRO DE 2024
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — É um facto! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Falou de salários, mas não disse que os salários não recuperaram o seu
poder de compra. Porque a verdade é que os números que foram apresentados pela Sr.ª Ministra não consideram todos os salários, nomeadamente os salários dos trabalhadores da Administração Pública que continuam a descontar para a Caixa Geral de Aposentações. Não refere que nessas contas estão integrados prémios, indemnizações por despedimento e outros rendimentos.
A verdade é que quer ocultar que o Governo continua a impor uma contínua perda de poder de compra aos trabalhadores.
Quanto às pensões, também não recuperou o poder de compra perdido. Só para dar este exemplo: com a decisão do Governo, um pensionista com uma reforma no valor de 436,11 € tem um aumento de 26,17 €. Com a proposta do PCP, teria um aumento de 70 €.
O Sr. João Dias (PCP): — Seria bem diferente! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Creio que fica bem clara a diferença entre as opções do Partido Socialista e
o que o PCP propõe. Aplausos do PCP. A verdade é que o Governo não rompeu com a política de baixos salários e pensões. Isto num país em que
3 milhões de trabalhadores recebem menos de 1000 € por mês e cerca de 75 % dos reformados têm reformas inferiores ao limiar da pobreza.
A vida está pior. É este o legado que o PS deixa ao País: mais injustiças e desigualdades, degradação dos serviços públicos, dificuldades no acesso à saúde, a não garantia do direito à habitação.
Bem pode vir o Partido Socialista nesta última intervenção! Deve ser uma intervenção, de facto, de má consciência, porque o que tanto queria da maioria absoluta bem se percebeu para quê, passados estes dois anos.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Má consciência é a de quem chumbou o Orçamento de 2022! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É que, passados dois anos, não só não resolveu os problemas, como a vida
dos trabalhadores e dos reformados piorou. Estas são as consequências da vossa política. Aplausos do PCP. É verdade! Consequências de uma política de direita que, em momentos cruciais, teve sempre a mão dada
do PSD, da Iniciativa Liberal, do Chega e do CDS na defesa dos interesses dos grandes grupos económicos. O Sr. João Dias (PCP): — É verdade! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.as e Srs. Deputados, por mais que vos custe, podem vir invocar os pretextos
que bem entenderem — e não somos nós que o dissemos, é o próprio Banco Central Europeu —, a origem da inflação são os lucros extraordinários.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente! A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Lucros aqueles que os senhores se recusaram a enfrentar e a combater,
colocando os encargos sobre os trabalhadores, sobre os reformados, sobre o povo. Aplausos do PCP.