I SÉRIE — NÚMERO 38
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esquerda tudo o que envolvia a geringonça». Ou seja, é mais uma prova de que, mais uma vez, a negociata
estava feita.
E assumiam, até porque quem viu com atenção o discurso de Pedro Nuno Santos, este fim de semana,
percebeu que a perseguição aos privados e a lógica venezuelana da nacionalização vêm a caminho, e os vossos
discursos já vêm todos muito nesse sentido. Portanto, percebemos o enquadramento de tudo o que é feito.
Mas os senhores escolhem as empresas amiúde e, conforme dá jeito, dizem: «O Sr. Deputado André Ventura
janta com Champalimaud». Antigamente, era porque tínhamos 30 000 perfis falsos, agora é porque jantamos
com gente de reputado reconhecimento junto da população.
Sabe, nós, no dia 10, vamos ter 30 000, não só Champalimaud, mas Silva, António, Francisco, Joaquim, e a
esperança que temos é a de que, de facto, vamos ganhar e André Ventura, que hoje janta com um, jantará com
todos, porque será Primeiro-Ministro de Portugal. Mas lá chegaremos.
Aplausos do CH.
Em relação ao debate de hoje, o tema é claro — empresas públicas intervencionadas. Os senhores estão
muito indignados porque falamos essencialmente dos CTT. São 49 anos disso, são 49 anos de alternância de
alguns partidos, e podíamos, de facto, ter a situação muito resolvida. Existe aqui um conluio claro em toda a
esquerda, que tem feito todas estas negociatas,…
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Isso é mentira!
O Sr. Bruno Nunes (CH): — … com a lógica de que o povo é quem mais ordena e, por isso, tem de ser tudo
nacionalizado.
Nós também não temos a visão da Iniciativa Liberal, de que tem de ser tudo privatizado. Somos,
aparentemente, o único adulto na Casa, que percebe que claramente existem empresas que têm de ser
privatizadas, mas existem outras sobre as quais o Estado deve ter uma posição para manter os serviços, em
prol da população. Mas parece que somos os únicos.
Mas vamos, então, falar de dados concretos. Em 2021, o setor público empresarial português tinha 348
entidades, a maior parte delas falidas, em pré-ruptura, em início de processo de falência. Falamos
essencialmente e quase sempre de má gestão. Mais de 130 pertencem ao setor empresarial do Estado.
E vamos, então, falar das empresas. O Sr. Ministro da Economia veio aqui, com aquele ar importantíssimo
de quem dá lições de moral a toda a gente, dizer: «Foi um grande negócio, salvámos a Efacec». E o dinheiro
que lá está carregado? Vamos recebê-lo ou não vamos recebê-lo?
Esta é a pergunta, depois de vir para aqui dizer que agora dá lucro. O que nós queremos saber, como sempre
defendemos, por exemplo, em relação à TAP, é: se dá lucro, então comecem a pagar aos portugueses,
devolvam aos portugueses! Mas disso os senhores não falam.
Aplausos do CH.
Não temos problemas em fazer uma intervenção estatal, se for para salvar os trabalhadores que tanto
defendem, mas não tem de ser em detrimento da empresa. Temos é de perceber se o dinheiro que lá colocámos,
a seguir, vem para cá.
Mas falemos da Efacec e dos 300 milhões de euros. Acham que foi um bom negócio o que fizeram? Mas
agora já não apontam o dedo ao PSD; agora foram vocês.
Podemos falar da Transtejo. Na Transtejo, foram 52 milhões de euros mais 15 milhões, porque se
esqueceram de comprar as baterias, e depois mais 74 milhões, porque, entretanto, fizeram a junção da Transtejo
com a Soflusa. Isto está uma bandalheira!
Quer falar da CReSAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública)? Porque é que
não assumem que, nas empresas públicas e do setor empresarial do Estado, temos um problema grave de
gestão e de incompetência? Sim, porque os senhores fazem nomeação, porque a CReSAP não consegue
contratar ninguém e as empresas públicas servem essencialmente para ser portas giratórias, portas para a
incompetência dos boys do Partido Socialista, das pessoas da vossa estrutura partidária que não têm lugar!