I SÉRIE — NÚMERO 40
36
A vocação político-sindical esteve presente desde que, em 1969, concorre, sem lograr vencer, à presidência do Sindicato dos Enfermeiros do Norte. Em 1972, é eleito presidente da Assembleia Geral desse mesmo Sindicato. A seguir ao 25 de Abril de 1974, assume a liderança da Direção ad hoc do Sindicato, tendo vencido posteriormente as eleições para a presidência do Sindicato dos Enfermeiros — como se passou, entretanto, a designar. Exerce essa função durante múltiplos anos até ser afastado por um problema de saúde.
Também no ano de 1974, tornou-se um dos fundadores do PPD — Partido Popular Democrático —, posteriormente PSD, onde sempre militou e onde foi um dos impulsionadores dos TSD — Trabalhadores Social-Democratas — estrutura laboral do Partido.
Foi igualmente um dos mentores do «Movimento Carta Aberta», na origem do sindicalismo democrático em Portugal, e da criação da UGT (União Geral de Trabalhadores), na qual o Sindicato dos Enfermeiros se encontra desde a sua fundação.
Foi um dos protagonistas da histórica greve de 1976 que, segundo o próprio, mudou para sempre a enfermagem em Portugal.
Inteligente e culto, nem sempre consensual, mas fiel aos seus princípios e valores, tinha a coragem e a resiliência dos sindicalistas tradicionais e enfrentava sem hesitações ou receio os empregadores dos enfermeiros. José Correia Azevedo foi um exemplo para muitos, sobretudo no movimento sindical.
Assim, a Assembleia da República transmite à família, amigos de Correia Azevedo, bem como ao movimento sindical democrático e ao Sindicato de Enfermeiros, em particular, as suas mais sinceras condolências, evocando a memória de um lutador incansável e uma figura ímpar do sindicalismo em Portugal.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa do projeto de voto que acaba de ser
lido. Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade. Passamos, agora, ao Projeto de Voto n.º 552/XV/2.ª (apresentado pelo PAR e subscrito pelo PS, pelo CH e
pela IL) — De pesar pelo falecimento de Maria da Graça Carmona e Costa. Peço à Sr.ª Deputada Maria da Luz Rosinha o favor de o ler. A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o projeto de voto é do
seguinte teor: «Faleceu, no dia 22 de janeiro, em Lisboa, com 90 anos, a colecionadora de arte Maria da Graça Carmona
e Costa, e uma das maiores mecenas do País. A sensibilidade e o gosto pela arte distinguiram Maria da Graça Carmona e Costa no panorama artístico
nacional. A sua longa carreira no meio galerístico e a atividade filantrópica contínua desempenharam um papel de relevo no apoio e divulgação de várias gerações de criadores nacionais, tanto em Portugal, como no estrangeiro.
A sua importante coleção — a mais extensa coleção privada portuguesa — inclui nomes incontornáveis como Cabrita Reis, Jorge Queiroz, José Pedro Croft, Rui Chafes, Ilda David, Júlio Pomar e Palolo, Jorge Martins, Francisco Tropa, Julião Sarmento, Vieira da Silva, Inez Teixeira ou Rui Sanches.
Nos anos 80, fundou a galeria Giefarte, e, em 1997, juntamente com o marido, Vítor Carmona e Costa, a Fundação Carmona e Costa, um projeto destinado a dinamizar iniciativas de arte contemporânea portuguesa, expondo ou apoiando, nomeadamente por via de edições de catálogos e livros ou da atribuição de bolsas, inúmeros artistas.
O seu nome ficou inscrito como galerista e mecenas, mas também como promotora do estudo da arte, como é o caso do Banco de Arte Contemporânea Maria da Graça Carmona e Costa, uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, em colaboração com a Fundação Carmona e Costa e o Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Este projeto, criado em 2019, foi concebido para acolher e preservar espólios documentais e artísticos de arte contemporânea de artistas plásticos, de historiadores e de críticos de arte contemporânea, relativos ao período compreendido entre a segunda metade do século XX e a atualidade.