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22 DE ABRIL DE 1981

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em diversos domínios, nomeadamente na produção industrial, no sector dos serviços e em geral na divisão internacional do trabalho. Exemplos mais próximos serão a microelectrónica e a robotização; mais distante, a engenharia genética. Embora a evolução tecnológica seja mais no domínio do longo prazo, é necessário, a médio prazo, ter em conta as suas principais tendências, de forma a escolher caminhos que não comprometam o desenvolvimento futuro.

A evolução, mobilidade e flexibilidade das tecnologias são uma das razões fundamentais do aparecimento de novos países industrializados (NICs) nos últimos vinte anos. Estes países surgem, face aos países mais desenvolvidos, como uma ameaça em termos de comércio internacional, forçando a reestruturação integral de sectores como têxteis e vestuário, siderurgia e construção naval.

O reforço ou inflexão desta tendência na divisão internacional do trabalho condicionará a evolução da nossa estrutura produtiva e o nosso posicionamento em termos de comércio mundial.

A integração na CEE como forma mais segura de gerir as interdependências

O grau de risco e de incerteza no domínio das relações internacionais é, no momento actual, bastante elevado (ressurgimento do proteccionismo, abastecimento de energia e matérias-primas, evolução tecnológica).

A Europa Ocidental tem pretendido aumentar o seu peso no contexto mundial: o alargamento da CEE e a eventual concertação das políticas dos diversos países membros poderão, de facto, contribuir para esse objectivo. A integração de Portugal na CEE, se por um lado condicionará a definição de orientações políticas em diversos domínios, permite, por outro lado, gerir de forma mais segura as interdependências de vária ordem a que o País está sujeito.

O problema da energia

O desenvolvimento económico internacional estará nos próximos anos fortemente condicionado pela evolução dos preços do petróleo.

Prevê-se, com efeito, que o aumento da oferta de energia primária seja reduzido nos anos 80, devendo a produção mundial crescer somente cerca de 4 % ao ano na próxima década, acompanhando o crescimento económico dos países industrializados mas situando-se consideravelmente abaixo do crescimento que se prevê para os países em vias de desenvolvimento.

A subida do preço do petróleo, principal fonte de energia, será, assim, inevitável e provavelmente não moderada nos próximos quatro anos, mesmo que os países industrializados desenvolvam, entretanto, medidas de poupança de energia e intensifiquem a sua própria produção. Estes países são responsáveis por mais de metade do consumo mundial de energia, enquanto o seu contributo para a oferta mundial não ultrapassa um terço. Os esforços desenvolvidos nalguns deles para a redução da componente energética do PNB não são ainda satisfatórios e, embora possam ser intensificados nos próximos anos,

só a longo prazo virão a ter resultados de relevo, já que as estruturas tecnológicas não são susceptíveis de ser alteradas rapidamente. Por outro lado, os países em vias de desenvolvimento, importadores de petróleo, que são responsáveis pela absorção de apenas 13 % da energia comercializável, deverão aumentar a sua quota-parte no consumo, o que se traduzirá numa maior pressão sobre o mercado daquele combustível.

A utilização de novas fontes energéticas não será uma alternativa que permita, em breve, reduzir substancialmente o consumo de petróleo, sendo os resultados das experiências já desenvolvidas ainda insuficientes e encontrando-se muitas das fontes em fase de estudo técnico ou económico.

Esta evolução do sector energético assume para Portugal especial importância, dada a forte dependência externa relativamente aos recursos energéticos primários, o que torna a economia portuguesa fortemente sensível aos impactes decorrentes da política de preços e fornecimentos dos países produtores de petróleo.

Neste contexto, a estratégia de desenvolvimento a médio prazo deverá ter em conta o efeito da subida dos preços do petróleo, que se prevê continue a verificar-se nos próximos anos, e a necessidade de alterações estruturais com vista à redução da dependência energética.

A evolução lenta da procura mundial e o ressurgir do proteccionismo

Enquanto na primeira metade da década de 70 os países podiam considerar como transitória a subida dos preços das ramas, no início dos anos 80 esta tem de ser assumida como um dado estrutural que condicionará o crescimento da generalidade dos países. Prevê-se que o crescimento do PNB mundial evolua moderadamente entre 1980-1985 (2 % a 4 % ao ano).

Além de procurar conter internamente as repercussões sobre o nível geral dos preços e sobre as contas com o exterior, pela adopção de medidas restritivas da actividade económica, muitos países tentarão ainda defender sectores ameaçados pela concorrência internacional, por meio de novas formas de proteccionismo.

Neste contexto restricionista, as exportações portuguesas não poderão crescer ao ritmo da década de 60 ou dos últimos anos da década de 70, a menos que se enverede por uma política de desvalorização cambial acompanhada por uma subida substancial da produtividade ou por uma queda sensível dos salários reais — em qualquer caso, encontrando limitações na capacidade de produção disponível.

O desemprego estrutural e os fracos movimentos migratórios

A lentidão que se prevê venha a caracterizar o crescimento económico mundial terá reflexos sociais importantes, com destaque para a incapacidade de absorção do desemprego que nos anos 70 se agravou e adquiriu características estruturais na maior parte dos países.

É provável que os Estados, nomeadamente os da Europa Ocidental, continuem a manter restrições à