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II SÉRIE — NÚMERO 122

que também foi construído um pequeno palco, bem como a colocação do telhado; c) A terceira e última foi o acabamento do rés--do-chão, onde foi feita uma lareira, a construção de 2 casas de banho e um gabinete para posto médico.

Com tudo isto gastaram-se até hoje cerca de 3200 contos, dos quais não recebeu da referida Liga qualquer auxílio monetário, não obstante as diligências efectuadas nesse sentido.

Das entidades a quem pediram auxílio será de referir a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, a quem apresentaram o problema várias vezes (e que apenas concedeu a ligação da água); a Região Agrária do Distrito de Coimbra, por indicação do presidente da Câmara, que nada concedeu, bem assim as outras entidades, sem êxito.

As referidas instalações foram sucessivamente equipadas pela mesma Liga com aparelhagem sonora, arca frigorífica, louças e utensílios para cerca de 250 pessoas, etc; tudo o que lá se gastou, e que já soma alguns milhares de contos, representa o sacrifício e suor de todos os naturais da povoação e alguns amigos, sem que a Câmara e a Junta tenham contribuído cora qualquer donativo, à excepção da já referida ligação da água.

Por meio de subscrição entre os naturais da terra e alguns amigos, adquiriu a mesma Liga uma televisão a cores que estava instalada no rés-do-chão, na parede onde foi aberta uma porta. Era um dos principais atractivos para a reunião e convívio das pessoas da terra, onde passavam todos os dias os seus serões ao calor da lareira, vendo-se agora privados desse meio de conforto.

Logo que as obras se concluíram, a Liga colocou à disposição da Junta e de qualquer pessoa da freguesia as instalações da casa para o que fosse necessário, utilizando os utentes, como é óbvio, as portas que a casa possui.

Igualmente colocaram à disposição da Câmara as instalações da casa e o referido gabinete destinado ao posto médico, bastando para isso ser devidamente equipado.

Apesar das facilidades que concederam à Junta e Câmara ao pôr as instalações da casa à sua disposição, nunca estes terão procurado oficialmente dialogar com a povoação ou seus representantes, no sentido de se modificar qualquer coisa que não estivesse bem e que por isso carecesse de correcção.

Entretanto, é com grande surpresa e alguma apreensão que o povo de Machio de Cima, na manhã de 14 de Março de 1984, acorda com o toque do sino a rebate, como se se tratasse de incêndios na floresta.

Afinal os factos eram outros: o presidente da Junta, acompanhado de 3 operários da Câmara, dava entrada no gabinete da Junta e começa a destruir a parede que o separa da Casa do Povo, onde mais tarde haveria de colocar uma porta, violando assim um direito que tinha sido adquirido pela povoação.

O povo de Machio de Cima, que na ocasião ali estava (cerca de 30 pessoas e na sua maioria já na casa dos 70 e 80 anos), nada pode fazer, já que o presidente da Junta não aceitava diálogo, ameaçando com prisão algum mais aventureiro.

Chegada a noite do mesmo dia e com a saída do presidente da Junta e da funcionária da Câmara, o pe-

queno e reduzido povo reúne-se, reage, e são as mulheres que vão buscar cimento e tijolos e procedem ao tapamento do buraco (que havia sido aberto).

No dia seguinte, 15 de Março de 1984, pela manhã, surgiram de novo o presidente da Junta e os operários da Câmara, acompanhados pela maioria dos restantes elementos da Junta e a quase totalidade dos homens e mulheres existentes nas povoações de Machio de Baixo e Vale de Pereiras. Da povoação de Maria Gomes apenas se encontravam 2 pessoas, que, por sinal, também fazem parte da Junta.

Procederam de novo à destruição da parede, onde colocaram uma porta, violando ainda a porta da entrada principal da Casa do Povo, substituindo-lhe a fechadura e levando as chaves. Retiraram da parede exterior da casa a placa com os dizeres «Casa do Povo da povoação de Machio de Cima», queimaram toda a lenha existente no interior da casa, tendo finalmente feito um banquete, festejando possivelmente o belo acto que acabavam de praticar.

Adiantaram ainda os membros da Liga de Melhoramentos da Freguesia de Machio de Cima:

Num país tão pequeno como o nosso e em que a democracia deve ser uma constante, para que os povos se entendam cada vez melhor e possam viver em concórdia construindo o futuro, é de lamentar que se assista a cenas como estas, vividas na povoação de Machio de Cima, do concelho de Pampilhosa da Serra, nos dias já referidos.

Face a tudo isto e como povo que também somos e queremos continuar a ser, apelamos aos senhores deputados para que a paz, que nos dias em que se vive tão necessária se torna, volte àquela povoação, para o que julgamos ser indispensável:

1) Repor toda a legalidade dos factos, com

a entrega da citada casa à povoação de Machio de Cima, tal como estava antes da sua violação;

2) Que sejam advertidos os seus autores, no

sentido de se evitarem, naquela ou noutras freguesias, cenas idênticas que em nada prestigiam; 5) Que toda esta situação se opere o mais depressa possível, e que seja dado ao ordeiro povo de Machio de Cima o descanso que merece.

Eis, de forma resumida, os apontamentos que os signatários anotaram.

Sobre este assunto, pudemos, contudo verificar o seguinte:

1) A restauração do muro de separação (Junta/

instalações da Liga);

2) A Liga não dispõe de qualquer chave das ins-

talações;

3) A instalação da porta de ligação entre a área da

Junta de Freguesia e das restantes instalações;

4) A existência de televisão a cores e frigorífico no

interior das instalações utilizadas pela Liga;

5) A existência dos edifícios indicados e vestígios

das obras efectuadas.