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II SÉRIE — NÚMERO 2

A evolução da economia portuguesa numa sucessão de políticas de stop and go não propiciou as condições à necessária modernização do seu aparelho produtivo. Ainda que, à semelhança dos outros países europeus, se tenha evoluído no sentido da «terciarização» da economia (os serviços representam já mais de 50 % do PIB), a agricultura tem evoluído de uma forma que se pode considerar «em regressão», principalmente no que se refere à produção vegetal, no seu conjunto, e a indústria não parece ter-se preparado para enfrentar a Europa.

2 — Estrutura produtiva e dependência externa

A estrutura produtiva da economia portuguesa tem demonstrado, nos últimos anos, a sua enorme vulnerabilidade em virtude dos vários «choques» que tem sofrido face à inserção na economia internacional. São características importantes da sua evolução as seguintes:

0 Aumento da dependência agro-alimentar devido a:

Aumento da população (retornos das ex--colónias e contenção da emigração);

Aumento do consumo de produtos de origem animal (carne, ovos e leite);

Crescimento da produção animal, que não foi acompanhada pela produção vegetal (dando origem ao crescimento do sector das rações» com elevado conteúdo de importações de cereais e oleaginosas);

Diminuição do dinamismo exportador de produtos alimentares tradicionais (vinhos comuns, conservas de peixe e concentrado de tomate);

Estagnação da produção agrícola;

«) Aumento da dependência energética devido a:

Aumento da componente termoeléctrica à base de fuel;

Aumento da importância do transporte rodoviário em detrimento do ferroviário é do marítimo;

Especialização industrial através de projectos energético-intensivos.

Neste ponto são, no entanto, de assinalar em anos mais recentes alguns avanços em projectos de poupança e conservação de energia;

iii) Desenvolvimento acentuado dos subsectores têxtil/couro e florestal com uma alteração no perfil de produtos exportados (predominância dos tecidos de algodão e do calçado).

Paralelamente existem alguns sectores onde se verificou um esforço de aumento do grau de integração:

0 Indústrias metalúrgicas, com o desenvolvimento de ferro-ligas, certos tipos de perfis de aço e produtos de fundição;

íi) Indústria automóvel, com a instalação de unidades para o fabrico de componentes e acessórios (motores, caixas de velocidades, travões, etc.);

¡iij Indústria química orgânica, com a instalação de dois complexos petroquímicos (olefinas e aromáticos).

Esta caracterização da estrutura produtiva deve ser analisada e ajustada face ao novo enquadramento dado pela adesão à CEE e, muito especialmente, às relações com a Espanha.

Com efeito, a dependência externa da economia portuguesa torna-se evidente através da análise das suas contas externas, nomeadamente as que se referem à balança comercial. A actual situação de desafogo, que se traduz por um excedente da balança de transacções correntes, radica, nomeadamente, em factores externos conjuntamente favoráveis (cotações do dólar e das principais matérias-primas). A dependência externa é, essencialmente, estrutural, tanto do lado das importações, como do lado das exportações.

Uma análise da estrutura das importações portuguesas permite verificar que, nos últimos dez anos, os produtos agro-alimentares, energéticos e de maquinaria têm representado entre 50 % a 60 % do total das importações.

No que se refere à energia a situação reflecte uma política de industrialização que assentou na implementação de projectos «energia-intensivos» e de uma ausência de política de poupança de energia, apesar de alguns casos pontuais de êxito nesse domínio. Esta evolução traduz-se por uma passagem da elasticidade consumo de energia/PIB de 0,89 no período de 1966-1973 para 1,42 em í973-1979 e 1,54 nos últimos anos.

O peso elevado das importações de petróleo, no conjunto das importações, torna a economia portuguesa muito vulnerável à alteração das respectivas cotações internacionais.

Quanto aos produtos agro-alimentares a nossa dependência situa-se ao nível dos produtos de base, com destaque para os cereais e oleaginosos (cerca de 60 %), o que igualmente torna a economia muito dependente das oscilações nas cotações internacionais.

A importação da maquinaria reflecte, por sua vez, as dificuldades institucionais e de mercado que se põem a Portugal no domínio da produção de bens de equipamento. Por um lado, existem problemas nos domínios da investigação e desenvolvimento tecnológico que dificultam a aniciativa nacional na concepção de novos tipos de equipamento. Por outro lado, a dimensão exígua do mercado limita a possibilidade de se atingirem limiares de rendibilidade na produção desses bens.

A grande sensibilidade da economia portuguesa em relação às importações, que se traduz por uma elasticidade global,* em relação ao PIB, de 1,2, pode-se explicar pelo elevado conteúdo de importações de algumas componentes da procura global, com destaque para a FBCF e as exportações. Cs conteúdos de importação eram, em 1981, de 35 % e 37 %, respectivamente.

Do lado das exportações, para aíém do forte conteúdo de importações que limita o impacte na redução da dependência, através do crescimento dos sectores exportadores, o tipo de produtos exportados, a sua concentração e os diferenciais de custos internos em relação aos dos principais parceiros comerciais são íactores de elevada vulnerabilidade, já que Portugal