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II SÉRIE-A — NÚMERO 57

1905, foi criada uma caixa de auxílio mútuo. Também nesta fábrica, as greves, que por várias vezes a fizeram parar, testemunham como com a unidade dos operários foi possível obter vitórias para os trabalhadores no que respeita aos seus direitos.

Mais tarde outras fábricas sc ergueram na freguesia, lais como, a Fábrica de Pólvora da Companhia Africana, em Vale de Milhaços, fundada em 1899 (ainda funciona), a Fábrica de Cortiça Queimado c Pampolim, a Mundet, a Sociedade Portuguesa de Explosivos, cm 1928, e depois transferida para Santa Marta, Construtora Moderna, etc. Durante este século também se instalaram estaleiros navais na Amora (Venâncio) c no Talaminho.

Desde a Idade Média vários fidalgos c a comunidade religiosa dos carmelitas tiveram em Amora propriedades, como, em geral, em todo o concelho do Seixal.

Já em 1384 Fernão Lopes na Crónica de D. João 1, refere Amora ao localizar as galés de D. João I, que estavam abrigadas no braço do rio Tejo que fica entre o Seixal, Arrentcla e Amora. Também neste mesmo ano o Mestre de Avis deu a Nuno Álvares Pereira os bens que o judeu David Negro, almoxarife do rei D. Fernando, possuía em Amora e Arrentela. Mais tarde, em 1403, é feito ao condeslável o aforamento dos esteiros de Amora, Arrentela e Corroios. Um ano depois o mesmo condestá-vcl faz a doação ao Convento do Carmo de todos os bens que possuía na região. Nesta época, Pedro Eanncs Lobato construiu a sua quinta em Cheira Ventos, propriedade que lhe foi oferecida por Nuno Álvares Pereira.

Em 19 de Outubro de 1569, D. Belchior Beliagro, cónego da Sé dc Lisboa c bispo dc Fez, que nasceu no Porto, faleceu em Amora, vítima de peste.

Houve nesta freguesia morgados c antigas c nobres famílias, tais como o morgado da Quinta dos Condes de Portalegre, o da Quinta Grande, no lugar da Fonte da Prata, que foi dos Correias de Lacerdas, o dos condes de Atalaia e o dos Moraes e Cabrais, no Talaminho. Em Cheira Ventos havia o nobre antigo morgado dos Pintos c Gaias. Neste mesmo lugar existiu outro morgado na antiga família dos Lobatos.

Também nesta freguesia a princesa D. Maria Benedicta, irmã da rainha D. Maria I, viúva do príncipe D. José e fundadora do Hospital dos Inválidos dc Runa, teve um palácio e uma quinta, que depois passou para a infanta D. Isabel Maria.

Depois da morte desta infanta o príncipe D. Augusto comprou a propriedade, que, no final do século passado, beneficiou com a plantação de vinhas e dc pinheiros e a reedificação do famoso Palácio da Amora, que ainda existe.

A partir da segunda metade deste século as encantadoras quintas desta freguesia foram substituídas por blocos dc cimento armado, que poucos vestígios deixaram do passado rural desta área, a não ser os nomes que os bairros vão herdando das antigas quinias.

O acelerado processo dc construção de bairros residenciais verificado nestas últimas décadas levou a um aumento extraordinário da população. Eis alguns dados relativos à população demográfica. Em 1527, quando sc fez o 1.° Censo da População Portuguesa, Amora registava 21 moradores (cerca de 50 habitantes). No início do século xvii, segundo Nicolau Oliveira, tinha 60 fogos c 250 habitantes. Em 1758, conforme os dados das Memórias

Paroquiais existiam os seguintes números referentes à população desta freguesia: fogos 229; pessoas de comunhão 847; menores 44.

Já no século xix, concretamente em 1839, Amora possuía 256 fogos e, em 1864, tem 1119 habitantes. Em 1900 só atingiu os 2075 habitantes, aumentando cm 1940 para 3707 e em 1950 para 4948 habitantes.

Como se pode observar por estes números, até meados deste século a população desta freguesia teve um aumento pouco significativo. Foi a partir desta data que os números aumentaram significativamente, sobretudo nas décadas de 60 c de 70 (em 1960 tinha 7361 habitantes; em 1970 subiu para 18 415, e, em 1991, para 33 598).

Até ao presente nunca mais deixou dc parar o aumento demográfico. Os núcleos urbanos históricos expandiram-se para as velhas quintas agrícolas da freguesia, beneficiando de modernos equipamentos sociais e de um comércio bastante próspero.

Este desenvolvimento e crescimento criou condições para que cm 30 de Junho de 1989 a freguesia da Amora fosse elevada a vila.

2 — Razões de ordem geográfica, demográfica, social e económica

O forte crescimento demográfico que se verificou no concelho nas últimas décadas foi polarizado pela actual vila da Amora.

Esta vila c povoações vizinhas constituem já um contínuo urbano de grande dimensão, beneficiando da sua localização privilegiada relativamente a Lisboa. A construção da ponte sobre o Tejo e da auto-estrada do sul, na década de 60, veio dinamizar o crescimento urbano dos aglomerados com melhor acessibilidade a Lisboa, desencadeando um processo dc crescimento cumulativo residência/actividades produtivas, de que a Amora é um exemplo. Mas também a estrada nacional n.8 10, ao longo da qual os aglomerados que constituem a vila da Amora sc desenvolveram, foi um factor de crescimento notável, facilitando a circulação intermunicipal.

No quadro seguinte indica-se a evolução em números absolutos da população dos lugares que constituem a vila da Amora:

1960 hab.

Tendo cm conta que a população estimada para o concelho do Seixal, cm 1989, era dc cerca de 128 000 habitantes c representando a população desta vila cerca de 35 % daquele total, podemos estimar a população da futura cidade da Amora, naquela data, em cerca de 44 300 habiiantcs. Do mesmo modo, é possível, a partir da última actualização do recenseamento eleitoral por freguesias, estimar cm 28 200 o número dc eleitores da nova cidade agora proposta.