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18 DE JUNHO DE 1991

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1200. A inauguração do novo templo setecentista, que foi edificado junto da antiga capela do século xvi, efectuou-se no dia 25 de Dezembro de 1728.

Em 23 de Junho de 1734, por permissão do cardeal patriarca, foi criada a freguesia do Seixal, tornando-se independente da Arrentela.

Em 1744 fundou-se a irmandade do Senhor Jesus dos Mareantes do lugar do Seixal da freguesia da Nossa Senhora da Conceição. Deste modo, cada vez mais se ia consagrando a vocação do Seixal marítimo, notabilizando--se não só com os operários da construção naval, que construíram originais obras de arte dc navegação como as muletas, as fragatas, os varinos, os botes do Seixal, as bateiras, os barcos dos moinhos, as faluas, os catraios, as enviadas, entre muitas outras embarcações do Tejo, como também com os pescadores que sabiamente utilizaram a muleta, estandarte do Seixal c do estuário do Tejo.

Em icrra, ergueram-se famosas quintas, nomeadamente a Quinta da Fidalga, situada entre o Seixal e a Arrentela, que pertenceu a Sebastião da Gama Lobo, fidalgo da casa de Sua Majestade e escrivão da Fazenda.

Em 1755, com o terramoto de 1 dc Novembro, a vila do Seixal viu quase todos os edifícios destruídos. A igreja foi restaurada em 1762, tendo sofrido diversos enxertos em 1858 e em 1904. A frontaria, de estilo barroco, é revestida de azulejos azuis e brancos.

A torre sineira com três sinos e um relógio, datada em 1776, está igualmente revestida de azulejos do mesmo tipo. O interior é de uma só nave, coberta por um tecto dc madeira com pinturas dc Pereira Cão (1904).

A partir da segunda metade do século xvni o progresso e o desenvolvimento económico iam-sc acentuando cada vez mais na área do rio do Seixal. Novas alterações sc foram registando, a nível quer económico, quer social, quer administrativo.

Em 6 dc Novembro de 1836, no reinado de D. Maria II, com a reforma administrativa do liberalismo, foi criado o concelho do Seixal, com a sede no principal núcleo urbano histórico, ficando constituído pelas freguesias da Amora, Arrentela, Paio Pires e Seixal, que sc desanexaram do termo de Almada.

Com a criação do concelho do Seixal inaugurou-se uma nova etapa na vida das gentes da baía do Seixal. Para além dc se fortalecerem as actividades económicas tradicionais, no século xá, surgiram os efeitos da revolução industrial com a instalação dc novos estabelecimentos fabris, nomeadamente de sabão, produtos químicos e curtumes, no Seixal, e dc lanifícios, na Arrentela.

Ao mesmo tempo, o movimento associativo lançou os primeiros alicerces com a fundação, cm 1848, da Sociedade Timbre Seixalense, cuja filarmónica era constituída por operários da construção naval. Depressa se constituíram outras associações de carácter recreativo e cultural, como a União Seixalense.

Entre 1895 e 1898, o concelho esteve extinto, tendo ficado a freguesia da Amora anexada a Almada c as freguesias do Seixal, Arrentela c Paio Pires integradas no concelho do Barreiro.

Na transição do século xdc para o século xx, no Seixal, com 2258 habitantes, verificaram-se profundas mudanças nos diferentes sectores, quer no económico, quer no associativo, cultural e urbano. Em 1896, foi fundada a Associação dos Pescadores do Seixal do Alto Mar, o Seixal foi elevado à categoria de comarca; cm 1901 iniciou-se a publicação do jornal O Sul do Tejo; fundou-se o grupo dramático Instrução e Recreio Timbre Seixalense c a

câmara municipal autorizou a construção do coreto no largo da Igreja; cm 1902 um novo semanário começou a ser publicado, O Seixalense, e inaugurou-se a sede da Associação dos Pescadores; em 1906 instalou-se a firma Mundcl.

O Seixal esteve sempre aberto a iniciativas de vanguarda e progresso. No dia 27 de Maio de 1907 eclebrou-se a festa escolar da árvore, primeira no género que se realizou em Portugal, participando crianças e professores das escolas da vila bem como o reitor do Liceu de Lisboa c Borges Grainha.

Todas estas actividades mostram que o Seixal, no início deste século, inaugurou uma nova etapa com transformações, sem perder a sua identidade. As fábricas, os cais, os estaleiros navais, continuam a integrar-se na paisagem tradicional de pinhais e dc praias que forneciam riqueza, uma paisagem atraente ao visitante e qualidade de vida ao residente.

Ao transporte fluvial e terrestre, em 1923 associou-sc o caminho dc ferro com a inauguração da linha férrea entre o Barreiro e o Seixal. A vila expandiu-se para sul com a construção do Bairro Novo. Outros benefícios chegaram à vila: a energia eléctrica, o mercado municipal, o serviço de abastecimento de água e a publicação de novos jornais — O Seixalense, Voz do Seixal, O Seixal e a Tribuna do Povo.

Com a entrada da segunda metade do século xx iniciam--se profundas alterações, decorrentes da construção urbana intensiva, ocupando as antigas quintas. A partir da revolução de 25 de Abril de 1974 verificaram-se mudanças qualitativas com a resolução dos problemas básicos: construção de escolas, recuperação de imóveis degradados, arranjo de jardins públicos, construção de um centro de dia para a terceira idade, recuperação e valorização do património cultural — aquisição do palacete da Quinta da Trindade, edifício classificado dc interesse público para a instalação do Ecomuscu Municipal — recuperação de embarcações tradicionais do Tejo (bote de fragata e falua) e do estaleiro naval tradicional na Arrentela (núcleo museológico); erguido o monumento ao 25 dc Abril; arruamento e marginal melhorada. Existem hoje sinais de mudança c progresso próprios de um centro urbano histórico e moderno com potencialidades para dar resposta às necessidades da sociedade contemporânea, onde o passado c o presente se encontram sem se destruírem.

O Seixal constitui hoje o principal núcleo urbano histórico do concelho, que com os restantes centros urbanos da Arrentela e Amora formam um todo que garante a identidade de um município ribeirinho que viveu sempre unido pelo rio do Seixal.

2 — Razões de ordem geográfica, demográfica, social e económica

A vila do Seixal e localidades vizinhas constituem um contínuo urbano bem expressivo, com origem nas povoações ribeirinhas e no papel que a própria vila desempenha como centro administrativo. Embora com uma localização excêntrica relativamente ao território do concelho, a vila do Seixal concentra na sua área urbana um conjunto de equipamentos administrativos — câmara municipal, tribunal, finanças, nolário, etc, que, dada a sua importância, lhe acentuam o carácter polarizador de actividades c o cariz urbano que agora se pretende realçar com a elevação a cidade.