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II SÉRIE-A — NÚMERO S9

Seguramente que a interrupção do marquesado de Angeja, de 1827 a 1870, teve importância relavante na supressão do concelho da Vila de Angeja: faltaram os protectores, que, pelos seus cargos e feitos, haviam engrandecido e promovido esta terra. É na Junta Geral do Distrito de Aveiro, em sessão ordinária do dia IS de Setembro de 1954, que o governador do mesmo distrito comunica aos procuradores à Junta a extinção, entre outros, do concelho de Angeja, decretada em 31 de Dezembro de 1853.

Importância eclesiástica:

Nem sempre a importância eclesiástica coincidia com a relevância civil das povoações. Isso era muito frequente na Idade Média e em tempos posteriores. Também em Angeja encontramos uma evolução paroquial diversa da evolução civil.

Por escritura de 30 de Maio de 1468, nas notas de Pêro Afonso, tabelião de Aveiro, João de Albuquerque, fidalgo do Conselho de D. Afonso V, rei de Portugal, e sua esposa, D. Helena, fizeram doação do seu padroado da igreja de Fcrmelã à prioreza e mais religiosas do Mosteiro de Jesus, da vila de Aveiro, doação que, a requerimento das mesmas religiosas, sendo uma delas D. Joana (a santa) — filha de D. Afonso V e irmã de D. João II —, foi aceite e confirmada por D. João Galvão, Bispo de Coimbra, e respectivo Cabido, por auto de 16 de Agosto de 1476.

Nessa época, a freguesia de Fermelã compunha-se de três lugares: Fermelã, Angeja e Canelas. Cada uma das povoações integrantes linha a sua ermida.

Cresceram, entretanto, os povos e, por volta de 1660, Canelas e Angeja separaram-se da igreja de Fermelã, tendo--se constituído, então, o Curato de Angeja, continuando, todavia, como paróquia sufragânea de Fermelã, já que o cura deveria ser apresentado pelo reitor de Fermelã, pagando o povo de Angeja a «capela» ao seu cura e o mesmo ao reitor de Fermelã (uma quarta de milho de cada fogo, sendo casal; um sclamim de milho, sendo pessoa solteira!).

A autonomia total da paróquia verifica-se apenas em 1834. O primeiro «pároco-colado» —por sua própria informação registada em livro paroquial — entrou em Angeja em 18 de Janeiro de 1849 (não será 1849? ...), vindo a falecer aqui em 1878, com 61 anos de idade. Foi o Padre João André Estrela.

Foi este pároco que, em 1853, com autorização de Bula de Gregório XVI, mudou a festividade e feira que se fazia no dia 5 de Agosto, a N.* Sr.' das Neves, para o domingo subsequente. Com grande reacção do povo, nos dois primeiros anos, vindo, porém, o mesmo a reconhecer, posteriormente, as vantagens da mudança.

Apontamentos fiais:

Merece ainda referência histórica o papel de Angeja na «Campanha do Vouga« (1919). Toda a bacia do Vouga, com o Caima, representava uma divisão natural dos desenvolvimentos Coimbra-Lisboa, por um lado, e Porto, por outro.

Daí a importância da resistência organizada ao avanço do Porto, a partir de Aveiro, com o Regimento de Infantaria 24 de Aveiro, cujo 3.° batalhão (de Ovar) se sediou em Angeja. Daqui progrediu o Infantaria 24, apoiada pelo Infantaria 23, vindo de Coimbra, para tomar o reduto de Estarreja.

Notável foi também o papel de Angeja na imprensa local. Aqui ficam algumas indicações sumárias:

Bouquet de Angeja — semanário literário, teve início em 8 de Maio de 1887 e terminou em 15 de

Fevereiro de 1888, com o n.° 58. Quando apareceu o n.B 20, passou a chamar-se Gazeta de Angeja. Teve muito boa colaboração. Foi seu director c redactor o então terceiranista de medicina Ricardo M. Nogueira Souto;

Correio de Angeja e Albergaria — semanário, que defendia os interesses do concelho. Resultou da fusão de dois: Correio de Albergaria e Voz de Angeja. Iniciou-se em 3 de Junho de 1911, com o n.° 458 de Correio de Albergaria, e terminou em 24 de Abril de 1915, com o n.8 705. Proprietário, director c redactor foi Camilo Rodrigues;

O Despertar de Angeja — semanário independente, noticioso e literário. Começou cm 24 de Janeiro de 1924 e terminou, em 11 de Janeiro de 1925, com o n.° 50. Direcção, editores c proprietários: Dr. Ricardo Souto, A. M. Nogueira, Camilo Rodrigues, Manuel Araújo, e Adelino Bastos.

Mais tarde, com o fim de atacar o Dr. Santos Reis, apareceu um efémero quinzenário com o mesmo nome. Durou de 27 de Março de 1927 a 29 de Maio do mesmo ano (n.° 5). Director, proprietário e editor: Arménio Martins; secretário de redacção foi C. Meneses Leite;

A Voz de Angeja — semanário, defensor dos interesses de Angeja e do concelho. Iniciou a publicação cm 20 de Julho de 1906, terminando em 20 de Maio de 1911, com o n.° 250, por fusão com o Correio de Albergaria. Director e redactor principal foi Camilo Rodrigues; L. Pádua foi o administrador; e Tomás de Pinho Ravara o editor.

Acrescente-se ainda que o Correio de Albergaria, com a venda da tipografia para Angeja, aqui se publicou, de Fevereiro de 1908 a 18 de Maio de 1911, quando se fundiu com a Voz de Angeja.

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

Brasão dos marqueses de Angeja Brasão da vila de Angeja, que era

dos condes de Vila Verde

3 — Motivos geográficos e demográficos: 3.1 —Geográficos:

Localizada sensivelmente à mesma distância —10 km — da sede do concelho, das sedes dos concelhos limítrofes c da sede do distrito, Angeja ocupa um lugar privilegiado de convergência e irradiação.

Próxima de grandes centro de desenvolvimento, num distrito e região prósperos como os de Aveiro, em Angeja se vai situar, de imediato, o principal nó rodoviário do distrito e um dos mais importantes do País.