O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

418

II SÉRIE-A —NÚMERO 22

e da produção agrícola, porque se tratava de um vale bom, precisando, melhor, de «um chão mimoso, saudável e fértil».

Com resquícios da época castreja, é a deslumbrante civilização do Lacio que impõe a sua cultura e o seu domínio, empurrando o pastor guerreiro para a planicie abena, estabilizando-se a agricultura à volta das villae, que formam o embrião da maior parte das nossas freguesias rurais.

Desta forma, Vila Boa do Bispo integra um notável territorio-patrimonio, designadamente a sua arquitectura erudita. A igreja (monumento nacional) tipifica a evolução da arquitectura religiosa: obedecendo à estrutura românica, não necessita do gótico, mas insufluem-se-lhe os valores renascentistas e, de uma forma deslumbrante, os do barroco — talha dourada (esülo nacional, joanino e rococó) e azulejos do século xvm, não se encontrando, além da cidade do Porto, conjunto tão significativo. Anexo, o Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho é imóvel de interesse público, pertencendo a particulares, situação generalizada com o advento do liberalismo. Ao túmulo existente no seu interior acrescentam-se mais três, na igreja, formando um quadro de extraordinário interesse da tumularia medieval.

Dos séculos xvn e xvm sobram alguns exemplares de casas solarengas: Alvelo, Lavandeira, Cavalhõesinhos, Bairral, Outeiro e Casal, perspectivando-se como potencial na área do turismo no espaço rural.

Sabendo-se que o espaço natural é um dos maiores dons que a Natureza nos prodigaliza, é mister utilizá-lo com parcimônia e senso. Considerado como património, o território em Vila Boa do Bispo ensaia um ordenamento que dignifica a terra.

Reafirmando-se a trilogia territorio-patrimonio-homem, repisemos a importância do último quando, atentamente, prossegue objectivos claros na reposição dos valores patrimoniais vilabonenses:

a) A arte sacra organiza-se no museu paroquial;

b) Outro museu monográfico, incidindo na etno-gra-fia, desenvolve-se na casa do povo.

2.4 — Desporto, cultura e tempos livres. — A casa do povo contém um pavilhão gimnodesportivo, um ringue descoberto, uma biblioteca (com cerca de 4000 volumes) e uma sala de ténis de mesa. Praticam-se com regularidade o futebol de salão e o hóquei em patins, secção com quatro anos, constituída pelas escolas infantis (ressaltando aqui duas classificações em 3.° lugar e uma em 1.°, a nível distrital; três dos seus jogadores integram-se na selecção do norte) e de iniciados, participando este ano, pela segunda vez, num torneio internacional de uma localidade de Barcelona e num torneio quadrangular, a realizar em Lisboa, entre os primeiros classificados das regiões norte e sul. A patinagem artística e a equipa feminina de hóquei completam a secção. A ginástica e a pesca são actividades igualmente relevantes.

O seu grupo folclórico —com 10 anos de existência—, inscrito na Federação do Folclore Português e no INATEL, organiza o X Festival Internacional em Julho, tendo feito digressões em Espanha, em França, na Holanda, na Bélgica, na Itália, na Finlândia e nos Açores.

Evidencie-se ainda uma escola de música, da responsabilidade do pároco da freguesia. Confirmando a vitalidade cultural de Vila Boa do Bispo, comemorou-se em 1990 o milénio da fundação do Mosteiro de Vila Boa do Bispo,

com um programa vasto — de Fevereiro a Dezembro —, onde se incluíram colóquios, conferências, exposições, saraus musicais e actividades desportivas. O bispo do Porto e o governador civil, entre outras individualidades, concederam-lhe a merecida honra.

3 — O homem

No sentido da dignificação e da qualidade do seu espaço, Vila Boa do Bispo possui uma forte identidade, poder de iniciativa, rico passado, grande esperança de futuro e um belo territorio-patrimonio, como atrás se mencionou.

Integrando-se na região norte, região ímpar e das romarias, quiçá a mais mariana em toda esta «terra de Santa Maria», é região dos domínios sacros do românico e do barroco, dos mosteiros de São Bento e dos femininos, região das antas, dos castros e dos castelos, região da família, região dos rios e das pontes (o resto do país terá tantos e tantas?), região das águas termais, do granito e do xisto; granito onde a castanha é «terra doce» e xisto onde a uva é «sol condensado». Que mais dizer desta região?

Ficaria incompleto o quadro se não traçássemos o perfil cultural do homem do Norte: forte, corajoso e firme; tanto quanto sincero e leal, embora não de comunicação fácil e expedita; mais poeta que orador, ele é sacrificado e acolhedor; coração aberto, franco, dado — o coração nortenho!

Mais realizador que contemplativo, mais romeiro que místico, mais obreiro que artista, mais empresário que político, ele é um sonhador, realizador, ele é criativo e empreendedor. Multifacetado ou pluriprofissional, é extraordinariamente adaptável; tanto quanto laborioso e persistente. Liberal, mas não liberalista; nacional, mas não nacionalista; e será regional, mas não regionalista. Extremamente solidário, mas igualmente cioso da sua independência.

Algumas figuras das artes e das letras pontificam nesta «terra de Santa Maria». Gostaríamos, tão-só, de apontar nomes da historiografia vilabonense:

a) D. Domingos de Pinho Brandão, referindo-se detalhadamente a Vila Boa do Bispo na obra A Talha e Ensamblagem no Distrito do Porto;

b) Em plena actividade, o P.e António Couto, com as obras Raízes Histórico-Culturais de Vila Boa do Bispo e Aliança do Sinai — Núcleo Lógico-■Teológico Central do Antigo Testamento, tese de doutoramento no Vaticano, que lhe confere a melhor classificação de sempre desde o dealbar da sua universidade;

c) João Ribeiro da Silva, com as obras Elementos Românicos da Igreja de Vila Boa do Bispo, Considerações acerca dos Antigos Limites do Couto do Mosteiro e dos Actuais Limites da Freguesia de Vila Boa do Bispo e Símbolos Apotropaicos e Siglas dos Minhos de Quebradas e Bouça do Cubo (Vila Boa do Bispo).

4 — As actividades

Junto ao Tâmega, próxima do Douro, que constituiu, em tempo, um tampão para o Islão, ViJa Boa do Bispo pertence a uma região onde o vinho e as barragens, entre