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II SÉRIE-A — NÚMERO 43

Cadeira episcopal:

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

Descrição do solar-palacete dos Almeidas e seus descendentes

Conhecida por Casa do Adro, o palacete dos Almeidas foi construído em 1605 por Baltazar de Almeida Camelo. É um bom edifício, tendo no andar nobre o brasão de armas do fundador, que é uma reunião dos Castros (de seis arruelas, dos Coutinhos, dos Camelos e dos Caiados).

Nele residiram sempre os primogénitos desta nobre família até ao falecimento de D. António de Almeida Coutinho e Lemos, único barão do Seixo (quinta ao pé das Bateiras), por falecimento deste passou este palacete a ser propriedade do Sr. Constantino de Vale Pereiro Cabral, da cidade do Porto, que o vendeu ao Sr. Albano de Almeida Coutinho e Lemos, irmão do referido barão do Seixo, voltando o solar à família original.

Este Sr. Albano A. C. Lemos era advogado (não exercia, contudo), tinha D. Clara como secretária, casou com Maria Emília Porto Carreiro Lemos, natural da Foz do Douro, era a senhora mais bonita de Lisboa — e pertencia ao palácio da Gandarinha, casou com 18 anos de idade; deste matrimónio houve quatro filhos.

Este edifício tem 50 portas, 18 janelas em cantaria com feitios, 25 compartimentos divididos do seguinte modo: uma sala de jantar grande, nove quartos, quatro salas, uma biblioteca, três casas de banho (unía para o pessoal auxiliar), duas copas, uma sala de entrada (átrio), toda em cantaria, uma despensa, uma sala de entrada para o pessoal de serviço, uma casa de passar a ferro, um sótão amplo, uma cave (dividida em seis), uma garrafeira, Uma despensa para arrumações diversas e para a lenha.

Tem também uma casa para os caseiros, um escadario de 52 degraus que dão acesso à adega e lagares de vinho, sendo uma percentagem tratado, com acesso à antiga azenha (de azeite) e às cortes de animais.

Dentro de cerca há vinhas, olivais e diversas árvores de fruta e grandes lameiros.

Pertenceram também a este solar-palacete as seguintes quintas: do Ramalhão (na zona de Sintra), onde casou Maria Benedita com Eduardo Leite, sendo já nessa altura de uma congregação religiosa; da Estremadura (o) na Penajóia; a da Comenda, em São Pedro do Sul. ,

A custa desta casa fizeram fortuna,alguns caseiros que nela trabalharam, era o patrão que pagava tudo e muitas vezes até tinha de comprar o azeite aos caseiros... mas continua a ser verdadeiro o ditado do povo: «Dinheiro que é mal ganho água o deu água o levou.»

Serviram nesta casa a tia Joaquina, a tia Rita, a Sr." Alda, a Sr.* Adélia, a Sr.° Assunção e a Cacilda, ainda viva, e os caseiros Sr. João da Penajóia e António Luís, entre outros.

Nota—Em 1961, com 84 anos, morreu Maria Emília Porto Carreiro Lemos, em 1975 com 72 anos, faleceu Eduardo Pinto Leite, reformado da companhia de embarcação do Porto, e em 1983, com 81 anos, faleceu Maria Benedita Almeida Pinto Leite; estes dois residiram no Porto e na Praça da Alegria em Lisboa.

De Lisboa e de outros locais do País chegavam turistas para visitarem o que era considerado o solar mais bem recheado do distrito de Viseu e da diocese de Lamego.

Com o falecimento do Eduardo em 1975 e de Maria Benedita, em 1983 os filhos destes venderam todo o recheio, deixando as paredes nuas, para também as venderem com as quintas ao emigrante Alvaro Fernandes Costa, antigo caseiro, talvez para fazer ver que foi capaz de comprar a fortuna aos seus antigos senhores.

As 12 cadeiras da sala de jantar, de pau-santo e de cabedal, foram vendidas por duas centenas de contos cada uma; o gumil, bacia e jarro, em prata, foram vendidos após a morte de Eduardo por seis centenas de contos (ao desbarato); quantas peças de roupa antiga foram vendidas para os antiquários; retratos a óleo da família do já referido pintor da família Albano de Almeida Coutinho, que também pintou os dois quadros da casa da Junta: o boi e a figura típica do Santo Eufêmia; talheres em marfim com o cabo dourado; todo o recheio de uma biblioteca com várias obras completas de autores portugueses e estrangeiros e muitos pergaminhos...

CAPÍTULO IV Gastronomia — Medicina popular Gastronomia

Pratos típicos:

Papas de milho moído; Papas de sarrabulho; Favas moídas; Favas com chouriço; Cabrito assado; Cabrito guisado; Milhos de tomatada.

Enchidos:

Chouriça; Moira; Salpicão; Farinheira.