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251 | II Série A - Número: 026 | 10 de Novembro de 2008

Parte II 1- Perspectivas macroeconómicas para 2008 e 2009 1.1 Enquadramento internacional 1.1 O enquadramento internacional da economia portuguesa continua a ser caracterizado pelos efeitos da turbulência acentuada nos mercados financeiros, reflexo do extraordinário aumento de incerteza provocado pelo despoletar da crise no mercado hipotecário de alto risco (subprime) nos EUA. Os primeiros sinais de problemas iniciaram-se ainda em meados de 2005, com um aumento na taxa de incumprimento nos empréstimos hipotecários sub-prime, tendo-se intensificado com o início do declínio no preço das casas nos EUA a partir de meados de 2006, o que elevou os rácios de financiamento/garantia.2 A falência de empresas especializadas neste tipo de crédito deu origem a uma forte turbulência nos mercados financeiros em Agosto de 2007. Uma vez que esses empréstimos tinham sido titularizados e redistribuídos pelo sistema financeiro global, a perda de confiança nesses produtos estruturados, com uma reavaliação e repricing do risco associados, originou consideráveis imparidades no balanço dos bancos. O desconhecimento (por parte dos contrapartes) da exposição de cada um dos bancos a esses activos desvalorizados traduziu-se numa redução abrupta da liquidez nos mercados interbancários das economias avançadas. As perturbações nos mercados monetários interbancários intensificaram-se com os eventos recentes em Setembro de 2008.3 Em 2008, verificou-se ainda o início do contágio do sector real da economia nas principais economias avançadas, levando a um forte abrandamento do ritmo de crescimento dessas economias. Em simultâneo, verificou-se, até Julho, a continuação da subida significativa do preço das matérias-primas alimentares e produtos energéticos em dólares (Gráfico 28, em anexo), apenas parcialmente compensada pela apreciação do euro. A partir desse máximo em Julho tem-se verificado um movimento de correcção do preço dessas matériasprimas, provavelmente reflectindo o impacto do abrandamento da procura mundial. Contudo, a evolução do preço do petróleo continua a ser marcada por uma volatilidade elevada.

1.2 A presente situação de intensificação da turbulência nos mercados financeiros acarreta um grau de incerteza extremamente elevado, o que dificulta os exercícios de previsão das perspectivas económicas a curto e a médio prazo. Consequentemente, as perspectivas económicas para 2009 continuam a ser caracterizadas por um invulgarmente elevado grau de incerteza. Acresce que sendo a economia portuguesa uma pequena economia aberta, encontrase necessariamente sujeita aos efeitos de contágio do abrandamento do crescimento esperado para os seus principais países clientes.

1.3 De acordo com os cálculos recentes do FMI (2008), Portugal tem vindo a apresentar nos anos mais próximos um crescimento mais sincronizado com países parceiros do que no passado mais distante. Isto significa que os efeitos de contágio para economia portuguesa de um abrandamento dos seus parceiros comerciais são agora mais fortes do que no passado. Em particular, relativamente a Espanha, de acordo com essa estimativa, 1 p.p. a menos de 2 Ver BCE, Financial Stability Review, June 2008.
3 Acontecimentos despoletados pela colocação do Lehman Brothers ao abrigo do capítulo 11, que regula a reorganização de empresas em processo de falência nos EUA, bem como pelas dificuldades sentidas pela seguradora AIG.