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39 | II Série A - Número: 017 | 16 de Outubro de 2010

Portugal, nos últimos 20 anos, apresentou um persistente défice da Balança de Bens e Serviços (BBS), com a procura externa líquida a ter, muitas vezes, um contributo negativo para o crescimento real do PIB, responsável pelo crescente endividamento externo do país, um desequilíbrio que é urgente resolver. Desde o início dos anos noventa até 2005, o país viveu um processo de crescimento baseado na procura interna, marcado por uma subida dos rendimentos e salários acima da produtividade, com a consequente deterioração da competitividade e com os custos unitários de trabalho a aumentarem relativamente a muitos dos principais concorrentes. A partir de 2005, assistiu-se a um abrandamento do crescimento dos custos unitários do trabalho, com consequências positivas na competitividade por essa via, enquanto países como a Espanha e a Irlanda continuaram a evidenciar um crescimento que apenas veio a diminuir em 2009.
O aumento dos custos unitários de trabalho entre 1990 e 2005 foi particularmente grave por se ter verificado num período de acrescida concorrência externa, na sequência do alargamento da área do euro, e da maior liberalização do acesso ao mercado europeu dos produtos asiáticos, que afectou fortemente as exportações de um país tradicionalmente especializado em sectores intensivos em mão de obra pouco qualificada. Estes factores explicam o fraco crescimento das exportações no período 19902005, em que o respectivo peso no PIB se manteve estagnado. No período entre 2005 e 2008, o aumento das exportações deu um contributo positivo para o acelerar do crescimento económico, com as exportações a crescerem acima do produto, aumentando de 28% do PIB para mais de 32% do PIB, em termos reais. Um reforço da capacidade exportadora que inverteu a estagnação verificada na década anterior.
Gráfico I.2.2. Custos Unitários do Trabalho em Portugal e no Contexto Europeu Gráfico I.2.3. Evolução do Diferencial entre Remunerações e Produtividade em Portugal Fontes: DGEcFiN, CE. Fontes: INE e MFAP.
A recente crise afectou fortemente as exportações mundiais. Segundo o FMI, em 2009, o comércio mundial de bens e serviços diminuiu, em volume 11%. No mesmo período, quer as exportações da União Europeia (UE27) quer as de Portugal também caíram 14,8% e 11,8%, respectivamente. No início de 2010 esta tendência inverteu-se. No primeiro trimestre, em termos homólogos, as exportações de bens e serviços, em volume aumentaram 8,8% e 10,1%, no 1.º e 2.º trimestre, respectivamente, valor que cobre quase dois terços das perdas verificadas em igual período do ano anterior3. 3 No segundo trimestre de 2009 a queda das exportações portuguesas em volume foi 15,5%.
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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Alemanha Grécia Espanha
França Irlanda Portugal
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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Diferencial Remunerações Produtividade
Remunerações Por Trabalhador
Produtividade