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II SÉRIE-A — NÚMERO 44 8

Para 2017, prevê-se um crescimento do PIB de 1,5%, reflexo da manutenção de um contributo positivo da

procura interna, conjugado com um contributo positivo da procura externa líquida.

A dinâmica da procura interna vem materializar a normalização da atividade económica. Por um lado, a

evolução do consumo privado acompanha as perspetivas para as remunerações e rendimento disponível real,

não se perspetivando impactos relevantes na taxa de poupança. Esta projeção assenta na melhoria das

condições do mercado de trabalho, nos baixos preços de petróleo, na amenização do endividamento das

famílias, bem como por medidas orçamentais relevantes. A FBCF deverá manter-se como a componente mais

dinâmica da procura interna. O aumento do investimento empresarial, na componente de máquinas e

equipamentos, traduz a necessidade de aumentar a capacidade produtiva, bem como a sua atualização. Tal

perspetiva é consonante com o crescimento esperado no emprego, com o aumento da procura global e com a

progressiva normalização das condições de financiamento, em resultado da estabilização do setor bancário

encetada nos últimos meses por este Governo.

Em linha com a procura externa relevante, antecipa-se uma aceleração das exportações, sem ganhos de

quota de mercado, bem como um menor diferencial entre o deflator das exportações e das importações. Assim,

é de esperar que o ajustamento das contas externas persista: o saldo conjunto da balança corrente e de capital

deverá fixar-se em 2,2% do PIB, aumentando a capacidade líquida de financiamento da economia portuguesa,

ao mesmo tempo que a balança corrente deverá atingir um excedente equivalente a 1% do PIB, reforçando o

resultado de 2016.

A taxa de desemprego deverá situar-se em 10,3% (-0,9 p.p. face ao esperado para 2016 e -2,1 p.p. face a

2015). A redução do desemprego deverá ser acompanhada por um aumento da produtividade aparente do

trabalho e por um crescimento do emprego ligeiramente superior ao estimado para 2016. Espera-se, ainda, que

a distribuição setorial do emprego continue a refletir a reafetação de recursos da estrutura produtiva dos setores

de bens não transacionáveis para os setores de bens transacionáveis. No conjunto, a evolução da população

empregada e desempregada resultará numa estabilização da população ativa.

O consumo público deverá reduzir-se, resultado da continuação do processo de ajustamento da despesa

pública. As alterações de política salarial deverão continuar a materializar-se num impacto positivo no deflator.

A inflação medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) deverá atingir os 1,5% em 2017 (0,8% em

2016), num contexto de equilíbrio de tensões – quer inflacionistas, quer deflacionistas – nos mercados

internacionais de commodities. Esta subida da inflação em cerca de 0,7 p.p. face a 2016 traduzirá uma maior

pressão ascendente sobre os preços. Para tal contribui a melhoria da procura interna e uma redução do hiato

do produto, a aceleração das remunerações por trabalhador associada à reposição dos cortes salariais na

Administração Pública, bem como a relativa estabilização do preço dos bens energéticos após a quebra

registada no ano precedente. O diferencial face à evolução dos preços no conjunto da área do euro deverá

permanecer positivo (+0,2 p.p.).

Globalmente, estas projeções são consistentes com a correção dos desequilíbrios macroeconómicos

internos e externos.

3. QUALIFICAÇÃODOSPORTUGUESES:MENOSINSUCESSO,MAISCONHECIMENTO,MAISEMELHOR

EMPREGO

Em quatro décadas, a aposta na educação e em formação, do pré-escolar ao ensino superior, conseguiu

resultados muito positivos. O abandono escolar precoce, por exemplo, desceu de 45% em 2002 para 13,7% em

2015, aproximando-se agora dos patamares europeus. Contudo, em termos globais, subsiste o expressivo

défice estrutural de qualificações na população portuguesa (55% dos adultos entre os 25-64 anos não

completaram o ensino secundário, cerca de 45% da força de trabalho possui poucas ou nenhumas competências

digitais e apenas 26% da população empregada tem formação superior).

A crise económica e financeira acrescentou níveis elevados de desemprego ao desafio do défice estrutural

de qualificações. Com efeito, desde 2007 a taxa de desemprego aumentou, começando a divergir da média

europeia e atingindo o seu pico em 2013 (16,2%). Em dez anos, o desemprego de longa duração (3,5% em

2004), mais do que duplicou (8% em 2015), passando a representar quase 64% do desemprego total, muito

acima da média europeia (a rondar os 39%). O desemprego de muito longa duração representava em 2015