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nutt também comparou o número de óbitos associados ao consumo de ecstasy com o número de óbitos muito mais elevado relacionado com a overdose de paracetamol e a grande disparidade existente na cobertura mediática de ambas as situações: a probabilidade de um jornal noticiar uma morte provocada por paracetamol era de 1 em cada 250 óbitos, por diazepam era de 1 em cada 50, por anfetaminas era de 1 em cada 3 e por ecstasy havia notícias de cada morte associada. ele concluiu que recorrer a factos racionais e comprovados para avaliar os malefícios das drogas seria um grande passo em frente no desenvolvimento de uma estratégia credível para as drogas.21

no seu relatório de 2018 “regulação: o controlo de drogas responsável”, a Comissão Global de políticas sobre drogas destacou a necessidade de “um procedimento para classificação de drogas que estabeleça um melhor equilíbrio entre assegurar a disponibilidade de substâncias controladas para usos legítimos e prevenir o uso problemático”.22 neste relatório de 2019, a Comissão propõe um modelo por escalões, mais racional, para a classificação e listagem responsável das substâncias.

CAixA 3 interferência política na investigação científica, o projeto de 1995 da omS sobre a cocaína

em 1995, a oMs e o instituto inter-regional das nações unidas de investigação sobre o Crime e a Justiça (uniCri) anunciaram os resultados do maior estudo global alguma vez realizado sobre o consumo de cocaína, envolvendo mais de 40 investigadores de todo o mundo. o estudo concluiu que o consumo de folhas de coca não parece ter efeitos negativos para a saúde e tem funções sociais e sagradas para populações indígenas. o estudo invocou a necessidade de maior investigação sobre os usos terapêuticos positivos das folhas de coca. o estudo também constatou que os efeitos nocivos do consumo de cocaína estão menos disseminados do que os de drogas legais como o álcool e o tabaco, estando concentrados nos consumidores de altas dosagens.

assim que os resultados do estudo se tornaram do conhecimento dos delegados dos estados-Membros, os funcionários dos estados unidos opuseram-se à sua publicação, uma vez que, de acordo com um dos seus representantes na assembleia Mundial da saúde, este projeto ia na direção errada, minando os esforços da comunidade internacional para erradicar a cultura e produção ilegal de coca. o representante dos estados unidos deixou clara a posição do seu país, afirmando que se as atividades da oMs em relação às drogas não reforçarem as abordagens de controlo de drogas cuja eficácia já está comprovada, os fundos para os programas relevantes seriam cortados. esta interferência política na investigação científica resultou no fim do projeto, cujo processo nunca foi concluído e os resultados completos nunca foram publicados.23

16 DE JULHO DE 2019______________________________________________________________________________________________________________________

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