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II SÉRIE-A — NÚMERO 44

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ou excessiva de gordura corporal que pode atingir níveis capazes de afetar negativamente a saúde. Esta é

uma doença que afeta tanto homens como mulheres de todas as idades e é um fator de risco amplamente

reconhecido pela comunidade médica para doenças cardiovasculares sendo por isso uma das principais

causas de morte passíveis de prevenção também de acordo com a OMS.

Esta mesma organização considerou a obesidade como sendo a epidemia global do século XXI tendo em

conta o facto de afetar tanto homens como mulheres de qualquer idade a nível mundial, ainda que, com mais

expressão nos países desenvolvidos, mas sem excluir os países em vias de desenvolvimento.

Portugal infelizmente não foge à regra dos países desenvolvidos. De acordo com a Direção-Geral de

Saúde e com base nos resultados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) o excesso de

peso atingia já em 2015 mais de um quarto das crianças e adolescentes e mais de metade e mais de metade

da população adulta. Neste último universo populacional é importante referir a prevalência do excesso de peso

na população com mais de 65 anos que está acima dos 80%.

Grupo Etário Pré-Obesidade Obesidade

Crianças (<10 anos) 17,3% 7,7%

Adolescentes (10-17 anos) 23,6% 8,7%

Adultos (18-64 anos) 36,5% 21,6%

Idosos (65-84 anos) 41,8% 39,2%

Tendo em conta o cenário retratado para Portugal nota-se que é importante prevenir a obesidade ainda

antes da adolescência e durante toda a vida, mas também, proporcionar meios de tratamento adequados para

reduzir a prevalência do excesso de peso na população portuguesa.

Sendo que esta temática não é nova na sociedade portuguesa, em 2005 foi criado o Programa Nacional de

Combate à Obesidade, no entanto a sua implementação tem ficado muito aquém do que é esperado num

tema que em primeiro lugar afeta uma percentagem tão elevada da população portuguesa e em segundo lugar

é uma das principais causas de mortalidade passiveis de ser prevenidas.

A verdade é que atualmente existe um foco na prevenção que aos olhos da Assembleia da República é

correto, mas tem de ser complementado com uma política efetiva de tratamento e potenciação do Serviço

Nacional de Saúde na vertente do tratamento da obesidade.

Um exemplo da ausência deste foco é o facto de termos um dos hospitais de referência do distrito de

Lisboa, responsável pelos doentes dos concelhos da Amadora e de Sintra, que por sua vez são dos concelhos

do distrito de Lisboa com maior risco de obesidade, ter realizado apenas 9 cirurgias em todo o ano de 2017,

estando francamente abaixo da média global. (ver Figura 1).

Adicionalmente também foram introduzidos no mercado vários fármacos que permitem combater a

obesidade. Estes fármacos têm obtido bons resultados nos doentes que atualmente recorrem aos mesmos. No

entanto, apesar de eficazes, estes fármacos são de difícil acesso para a generalidade da população

portuguesa devido ao seu elevado custo, em parte, derivado do facto de não serem comparticipados pelo

SNS.

Em consequência, é correto assumir que atualmente o governo prefere submeter os doentes obesos a uma

cirurgia que implica custos elevados para o contribuinte do que investir numa terapêutica que a longo prazo

seria mais benéfica tanto para o doente como para o estado.