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5 DE MARÇO DE 2020

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preservação da biodiversidade, florística e faunística, que lhe está associada, bem como pela respetiva

conservação de habitats e espécies mais ameaçadas.

Destaca-se, em particular, pela presença de uma numerosa quantidade de espécies da avifauna,

residentes e/ou migratórias, onde podem ser observadas diversas espécies de aves com estatuto legal de

proteção, como o garçote/garça-pequena (Lxobrychus minutus), a garça vermelha (Ardea purpúrea), a águia-

sapeira (Circus aeruginosus), o milhafre-preto (Milvus migrans) e uma basta presença de passeriformes, entre

outros, não deixando de ser sintomático que o termo «pateira», que designa a lagoa, tenha surgido pela

abundância de patos.

Ao nível da ictiofauna têm potencial de ocorrência na Pateira espécies que beneficiam de estatuto de

proteção, como é o caso da boga portuguesa (Chondostroma lusitanicum), do ruivaco (Rutilus

macrolepidotus), do bordalo (Rutilus alburnoides), do barbo-comum (Barbus bocagei), e da boga comum

(Chondostroma polylepis). Nesta lagoa e área envolvente encontram-se também outros peixes, crustáceos,

répteis, anfíbios, pequenos mamíferos, e uma espécie de bivalve de água doce, a Anodonta, que pelas

dimensões que pode atingir, é uma espécie emblemática na região.

Quanto à flora, para além de espécies ripícolas, como o salgueiro, amieiro, freixo, entre outras, dominam

habitats com povoamentos de tábua, caniço, bunho, bem como comunidades de espécies exóticas e

infestantes flutuantes, enraizadas ou suspensas entre o fundo e a superfície como o jacinto-de-água (Eichornia

crassipes), o pinheirinha-de-água (myriophyllum aquaticum), a ludwigia (peploides), ou os nenúfares.

Pela importância e diversidade de avifauna que se verifica na lagoa e respetivos habitats associados foi-lhe

conferido o estatuto de proteção comunitária pela Diretiva Aves, classificada como «zona sensível» pelo

Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de julho, sendo uma importante e extensa zona húmida da Rede Natura 2000

(Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro – PTZPE0004). Esta área integra também o Sítio de Importância

Comunitária (SIC) da Ria de Aveiro (PTCON0061).

Desde novembro de 2012 que a lagoa, conjuntamente com as áreas limítrofes do rio Cértima e do Águeda

é reconhecida como Zona Húmida de Importância Internacional pelo Comissariado Internacional da

Convenção de Ramsar.

Embora a Pateira de Fermentelos seja uma área de grande valor ecológico, ao longo dos anos tem sido

exposta a um conjunto de problemas que derivam não só da presença de espécies invasoras e infestantes,

que altera o equilíbrio deste ecossistema, mas também pela constante poluição a que o rio Cértima e seus

efluentes têm sido sujeitos e que contribui para a degradação desta zona húmida que urge recuperar e

preservar.

Ao nível das espécies invasoras e infestantes para além das espécies faunísticas que desequilibram o

ecossistema como o achigã, a perca-sol e o lagostim vermelho contribuindo para reduzir a biodiversidade

endógena assume particular preocupação ao nível da flora a invasão por nenúfares, pinheirinha-de-água e

jacintos-de-água.

A pinheirinha-de-água que afeta em particular o Cértima é uma erva aquática, semelhante a um pequeno

pinheirinho, com folhas emergentes azul-esverdeadas proveniente da América do Sul. Segundo informação

que consta no sítio (invasoras.pt) esta espécie forma tapetes que podem cobrir totalmente a superfície da

água. O seu crescimento reduz a qualidade da água, a biodiversidade, a luz disponível e o fluxo de água.

Fora da área de distribuição nativa, a pinheirinha-de-água reproduz-se apenas vegetativamente por

fragmentação dos caules. Não forma autofragmentos mas estes formam-se por ações mecânicas, enraizando

rapidamente. Os rizomas são resistentes, viajando longas distâncias agarrados ao fundo de embarcações. As

partes aéreas crescem tanto fora de água como submersas.

Para além da pinheirinha-de-água tem assumido grande preocupação, a invasão por jacintos-de-água,

sobretudo na Pateira. Esta é das plantas invasoras aquáticas mais problemáticas e mais resistentes do

mundo, afetando em particular o nosso país. O jacinto-de-água oriundo da bacia Amazónica, que se reproduze

rapidamente, surge sobretudo em cursos de água com pouca corrente e em lagoas de água doce com

abundância de nutrientes, como é o caso da Pateira, tolerando também águas poluídas, designadamente por

metais pesados.

Em Portugal e na Europa, esta planta foi introduzida inicialmente para fins ornamentais, contudo devido aos

seus impactos na biodiversidade figura no nosso País na lista de espécies classificadas como invasoras pelo

Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de dezembro.