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II SÉRIE-A — NÚMERO 19

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Na realidade portuguesa, o índice de prevalência desta doença é de 20,4%, consubstanciando, portanto, um

problema de saúde pública.

No entanto, a esmagadora maioria da população que sofre desta doença (84%), desconhece ter anemia.

Esta é uma doença invisível à maioria das pessoas. Os principais sintomas como o estado de alerta, o cansaço,

a falta de força, a irritabilidade, os problemas de concentração, a insónia ou a tensão arterial baixa, são

associados a outras causas, passando desta forma despercebida à maioria das pessoas. Em última análise,

podemos estar perante apenas 2% da população que recebe tratamento adequado e em devido tempo devido.

Acresce que o estudo «Rastreio de anemia e deficiência de ferro na população adulta portuguesa»1realizado

entre janeiro de 2013 e dezembro de 2017, elaborado e promovido pelo Grupo de Trabalho de Anemia Portugal

– Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia – em que objetivamente se pretendiam avaliar a prevalência

de anemia e deficiência de ferro (DI) em diferentes grupos demográficos da população adulta portuguesa, veio

nas suas conclusões dar enfoque à necessidade de se garantir um maior acompanhamento e intervenção junto

dos grupos de risco, particularmente entre mulheres adultas em idade fértil e mulheres grávidas no 3.º trimestre,

atestando a existência de um problema de saúde pública moderado a grave.

De considerar igualmente relevante no estudo, o facto da deficiência de ferro na mulher ser ainda ser

subdiagnosticada nos serviços de obstetrícia e medicina geral e de família, não sendo obrigatória, a avaliação

dos níveis de ferritina. Ora, poderemos considerar que um procedimento de avaliação a priori resultará num

prognóstico mais fidedigno e que permitirá num período inicial acautelar situações de deficiência de ferro.

Outros fatores que o estudo considera pertinente focar e que acompanhamos pela importância nos resultados

conclusivos em estudos posteriores, diz respeito à dieta, ao acompanhamento clínico, às comorbidades e

adesão à suplementação de ferro, principalmente em gestantes. É do senso comum que ainda existe uma

grande percentagem de pessoas que desconhecem como garantir na sua alimentação adequadas fontes de

ferro ou de outras vitaminas, pelo que importa discutir e implementar medidas de informação, divulgação e

acompanhamento nas mais variadas áreas e setores que permitam aos cidadãos e às cidadãs, colher

conhecimento e melhorar a sua literacia no que à alimentação diz respeito.

Na prevenção desta e outras patologias, o papel dos nutricionistas, nos centros de saúde, empresas, escolas,

revela-se fundamental no garante da informação, acompanhamento e apoio, assim como na elaboração de

planos nutricionais adequados.

Considerando que a anemia pode afetar qualquer faixa etária, e desconhecendo à data a dimensão do

problema nas camadas mais jovens, importa garantir, que todas as áreas da sociedade trabalham em conjunto,

particularmente da saúde e da educação, antecipando sempre que possível, com diagnósticos precoces e

programas educativos, o impacto desta doença.

Paralelamente, existem modelos de gestão dos bancos de sangue que trazem ganhos em saúde na medida

em que utilizam informação estandardizada e integrada em sistemas informáticos hospitalares uniformizados,

que permitem compreender em tempo real, as verdadeiras necessidades de sangue em cada situação clínica,

ajustando as intervenções a cada caso.

Nestes termos, a Assembleia da República, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, por

intermédio do presente projeto de resolução, recomenda ao Governo que:

1 – Que desenvolva e implemente uma estratégia nacional de prevenção e tratamento da anemia

integrada nas políticas de promoção da saúde e prevenção da doença, que possibilite o diagnóstico, tratamento

e acompanhamento dos doentes com anemia, com particular ênfase nos grupos vulneráveis e de risco;

2 – Dê cumprimento ao artigo 269.º do Orçamento do Estado de 2020, implementando o programa nacional

de gestão do sangue do doente – patient blood management (PBM).

3 – A fim de garantir o pressuposto no ponto 2:

a) Reforce com meios financeiros, técnicos e humanos, os estabelecimentos de saúde e serviços do SNS

para o desenvolvimento integral deste programa;

b) Desenvolva campanhas informativas, relativas à anemia, sua origem e impactos, nos canais de

comunicação públicos;

1 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7411453/