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II SÉRIE-A — NÚMERO 73

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aumento de 25% de diagnósticos tornando-se, desta forma, o cancro na primeira causa de morte da UE.

Realçando que o cancro «coloca um fardo pesado sobre os sistemas de saúde e a economia» – com um

impacto económico anual estimado em mais de 100 mil milhões de euros –, a Comissária Europeia destacou

ser determinante apostar na prevenção, no rastreio, no diagnóstico, no tratamento e na sobrevivência de

doentes com cancro tendo, para o efeito, anunciado a reserva de 4 mil milhões de euros para o financiamento

de ações a nível europeu.

Lembrando que a pandemia de COVID-19 «atrasou diagnósticos, interrompeu tratamentos e afetou o

acesso a medicamentos», reconheceu que o impacto foi «profundo no acompanhamento dos doentes e na sua

qualidade de vida».

Recordamos que os problemas descritos pela Comissária Europeia para a Saúde são transversais a todos

os países da UE, aos quais Portugal não escapou.

O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde reconheceu que a pandemia causou grandes

constrangimentos à planificação adequada dos rastreios oncológicos, assinalando que «todos os anos, cerca

de 3,5 milhões de pessoas são diagnosticadas com cancro. Em Portugal, numa incidência de 3% ao ano, a

mortalidade é de 2%, o que significa que há sobrevivência, ainda que aumente a pressão sobre os serviços e

sobre a segurança social».

Segundo o Presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, «o aumento do cancro está relacionado com o

aumento da longevidade. Para diminuir a mortalidade e torná-lo cada vez mais uma doença crónica é preciso

apostar no diagnóstico precoce, na investigação e no tratamento atempado e eficaz em grandes centros

especializados. Consequentemente, é preciso compatibilizar a questão da acessibilidade da população que

não reside perto».

O Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas já deixou claro que, perante os dados

relativos a 2018, «em primeiro lugar é preciso estarmos todos muito alerta e investirmos sempre no combate

ao cancro, porque compensa. Em segundo, é preciso percebermos que a prevenção ainda é a melhor arma

para tratar ou para impedir que uma situação oncológica apareça. Temos de apostar na prevenção primária,

nos estilos de vida, hábitos dietéticos, exercício físico, e como evitar fatores de risco como o tabaco e o álcool,

porque estes são claramente fatores associados ao surgimento do cancro».

III – Segundo a OMS, a pandemia de COVID-19 está a ter repercussões catastróficas no mundo inteiro,

também, quanto às doenças oncológicas. Algumas já são visíveis, nomeadamente o que diz respeito aos

rastreios, aos diagnósticos, ao adiamento de consultas, de tratamentos, de cirurgias e de reabilitação.

O CDS-PP tem alertado para este problema. Mas, naturalmente, quem está no terreno, tem mais

propriedade para estes alertas. Desde logo, o Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas,

afirmou: «O que mais se nota é o impacto que a pandemia teve nas pessoas, o medo, e na redução de

diagnósticos. Em fevereiro e março do ano passado, tanto centros de saúde como hospitais dedicaram-se só à

COVID-19. Depois abriu-se um pouco e recuperou-se alguma coisa. O que sentimos agora é que a pandemia

fez parar não só os centros de saúde como as unidades de diagnóstico durante a maior parte do ano, e isto

reduziu o número de diagnósticos. Outro ponto é o medo que a pandemia trouxe à população. Antes, quando

sentiam algo que não era normal, as pessoas dirigiam-se ao seu médico para esclarecer o que se passava.

Agora, essa acessibilidade não acontece, e não é porque as portas das unidades estejam fechadas, é porque

há o medo interno de irem e ficarem contaminadas. Estes são os dois fatores que poderão estar a ter mais

impacto, mas para termos a certeza vamos ter de esperar até 2025 e 2026. No cancro é assim, temos de olhar

para trás para termos todos os dados».

Salientamos que só daqui a 4 ou 5 anos conseguiremos ter uma visão completa das consequências que a

pandemia está a deixar, ao nível das doenças oncológicas. Mas há uma que o Diretor do Programa Nacional

afirma já se conhecer: «Uma das consequências foi a Senhora Ministra, com o avanço da infeção da COVID-

19 para níveis astronómicos, ter mandado parar toda a atividade cirúrgica não COVID nos hospitais. E, neste

momento, temos um problema: as cirurgias oncológicas também estão paradas. Estamos a tentar perceber o

que se pode fazer, mas o facto é que foi dada uma ordem para parar e não sabemos quanto tempo vai durar.

Só este exemplo diz tudo sobre o impacto da pandemia nas doenças oncológicas. O impacto é maior na

terapêutica cirúrgica do que na terapêutica clínica, quimioterapia ou radioterapia, mas a cirurgia ainda é a

arma que mais cura. Portanto, o atraso no diagnóstico diminui as probabilidades de cura dos tumores».