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127 | II Série B - Número: 053 | 19 de Janeiro de 2009

Ermida de São Gião da Nazaré não tem melhor sorte. A mesma do Mosteiro de Pitões das Junias, no Gerês. No Algarve, Cacela-a-Ve!ha já não reconhece as suas muralhas").
Perante este estado miserável do nosso património monumental, três exemplos evidenciam bem a atitude de novo-riquismo que caracteriza a política cultural do Governo do PS: são os casos do novo museu dos Coches, da exposição do Hermitage e do Museu Mar da Língua Portuguesa.
No que se refere ao Museu dos Coches, o mesmo mais não visa do que dar nova localização à notável colecção de coches reais de Portugal, já sedeada num edifício condigno para aquele efeito. O investimento ascende ao valor astronómico de € 31,5 milhões, o qual se torna tão mais incompreensível quanto é certo que foi o próprio presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o socialista Dr. António Costa, a ter afirmado, no final de Dezembro de 2008, que «Não considero necessário um novo Museu dos Coches».
Já a exposição do Hermitage, extravagante aluguer de um discutível espólio, que custou ao Estado Português mais de € 1,5 milhões, e permitia ao site oficial do Governo, em 2 de Março de 2006, propagandear que "Lisboa vai acolher primeiro centro Hermitage da Península ibérica". A verdade é que o projecto foi abandonado pouco depois de começar e o Governo teve de ouvir as humilhantes declarações do director do Hermitage, de São Pertersburgo, quando disse que "Percebemos que Portugal não tem dinheiro para este tipo de exposição", além de que "Tivemos problemas de organização que nunca nos aconteceram neste tipo de exposição".
Finalmente, no que se refere ao Museu Mar da Língua Portuguesa, que era suposto criar no antigo Museu de Arte Popular, estava orçado em € 3,5 milhões de euros, deveria ter aberto ao público em Julho de 2008 e previa o Governo que recebesse 200 mil visitantes por ano.
No final do ano passado, o actual Ministro da Cultura afirmou que "apenas estavam executados dois por cento do projecto" de instalação do referido Museu, que não recebeu até ao momento um único visitante, Por certo, as referidas iniciativas até poderiam ser de aplaudir caso o património (museológico e/ou monumental) nacional não se encontrasse no grave estado de degradação em que se encontra e não fossem também do conhecimento de todos as tremendas dificuldades com que muitas direcções de museus nacionais enfrentam para simplesmente manter abertas ao público as portas dos equipamentos que gerem.
Na verdade, diversos museus, entre eles o Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, o Museu de Etnologia e o Museu do Traje, para dar só alguns exemplos, foram recentemente obrigados a encerrar salas ou mais um dia por semana por falta de pessoal para vigiar os acervos respectivos.
Aliás, deveria o actual Governo ter bem presente as denúncias que os directores dos museus já por duas vezes fizeram, a segunda em 2008 e dirigida ao actual Ministro da Cultura, denunciando as graves dificuldades financeiras sentidas e uma dramática falta de pessoal, designadamente de vigilantes, num sector que os próprios classificam como se encontrando "em ruptura".
Esta situação, de agravamento das dificuldades financeiras, é tanto mais incompreensível quanto é certo que o número de visitantes aos nossos museus tem subido consistentemente nos últimos anos, o que