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3 DE JUNHO DE 2022

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PETIÇÃO N.º 20/XV/1.ª

CONTRA O ENCERRAMENTO DA ESTAÇÃO CENTRAL DE COIMBRA

As cidadãs e os cidadãos abaixo assinados vêm propor à Assembleia da República e ao Governo da

república que o encerramento da Estação Central de Coimbra seja reequacionado. O serviço ferroviário que

atualmente é nela prestado, que a torna num nó nevrálgico na rede local, regional e nacional de transportes

públicos, deve ser mantido e melhorado. Para tal, propõem ainda que seja estudado, projetado e implementado

um novo traçado para o Metro Mondego, de modo a preservar a estação e a linha ferroviária, e a garantir um

melhor serviço do sistema Metrobus àquela zona da cidade.

A Estação Central de Coimbra – também conhecida como Coimbra-A, estação nova ou Coimbra-cidade – é

o epicentro da rede ferroviária suburbana de Coimbra, assegurando ligações diretas do centro da cidade a toda

a Região Centro. Serve, anualmente, pelo menos 1,3 milhões de passageiros, fazendo dela uma das estações

ferroviárias com maior afluência em Portugal. A estação central, graças à sua localização, é um importante e

insubstituível interface regional de transportes públicos, dispondo de comboios, da maioria das linhas de

autocarros urbanos que servem a cidade de Coimbra, de carreiras regionais e interurbanas de autocarros de

vários operadores privados e, futuramente, do Metrobus. A capacidade está instalada e tem sido objeto de

investimento ao longo das últimas décadas, nomeadamente a eletrificação da via, em benefício dos passageiros,

da região e do ambiente.

No entanto, a informação mais recente dá conta de que a estação central será encerrada no 4.º trimestre de

2023, no âmbito do processo de implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego. Desde 2002 que é a

Metro Mondego que tem a concessão da criação de um «sistema de metropolitano ligeiro», originalmente em

«tram-train» mas agora assente num «bus rapid transit» (BRT), também conhecido como Metrobus. Não

obstante os reveses e as múltiplas alterações desde o seu início, o encerramento da estação central inicialmente

previsto não foi reequacionado. Sucede-se que, entretanto, os planos mudaram de tal forma que a manutenção

da estação central é, não só possível, mas mesmo fundamental.

A implementação do Metrobus não é, a nenhum título, impeditiva da manutenção da estação central. É

possível adotar um traçado alternativo para o Metrobus aproveitando uma das suas poucas vantagens face ao

tram-train: a flexibilidade nos trajectos. Mantendo, assim, em funcionamento a estação e permitindo que o

Metrobus sirva de uma forma mais adequada eixos como o da Avenida Fernão de Magalhães, um dos principais

polos geradores de procura na cidade. Os serviços ferroviários da Estação Central e o futuro serviço do Metrobus

não são concorrentes, mas complementares: a estação serve melhor todos os passageiros dos comboios

suburbanos que querem chegar de forma rápida e fiável ao centro da cidade, podendo a partir daí ser escoados

para outros pontos da cidade através da rede de autocarros (SMTUC), chegando assim a várias zonas que não

serão servidas pelo Metrobus.

Por outro lado, o encerramento da Estação Central em nome do Metrobus corresponde à destruição de

infraestruturas existentes e à sua substituição por um modelo que presta serviços de qualidade inferior: dada a

tipologia dos veículos utilizados pelo Metrobus e a frequência e a capacidade previstas, o sistema do Metrobus

não conseguirá dar resposta às necessidades dos passageiros que desembarcarão numa Coimbra-B

sobrecarregada pelo encerramento da Estação Central. Nas horas de ponta, será inevitável a ruptura de carga

em Coimbra-B, com todos os efeitos associados, em termos de perda de qualidade e de eficiência do serviço.

O passo seguinte será a perda de passageiros, que preferirão recorrer ao automóvel nas suas deslocações

diárias para a cidade.

A ferrovia é um instrumento incontornável para o combate à poluição ambiental e às alterações climáticas e

para a promoção da qualidade de vida nos centros urbanos e nas suas áreas metropolitanas. Com o

encerramento da estação central, o serviço ferroviário suburbano deixa de poder levar as pessoas diretamente

ao centro da cidade. É amplamente reconhecido que os serviços de comboio, sobretudo do tipo suburbano e

regional, devem alcançar os centros das cidades para serem atrativos. Também por esta razão, aumentará a

perda de atratividade da ferrovia, levando inevitavelmente a uma fuga para o automóvel, pois muitos,

compreensivelmente, não estarão dispostos a apanhar o comboio até à periferia da cidade para depois apanhar

o Metrobus que os leve ao centro, sofrendo um ou mais transbordos.

O comboio é, na região de Coimbra, essencial à mobilidade dos estratos populacionais mais desfavorecidos,