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10 DE FEVEREIRO DE 2023

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Palácio de São Bento, 8 fevereiro de 2023.

Os Deputados do CH: André Ventura — Bruno Nunes — Diogo Pacheco de Amorim — Filipe Melo —

Gabriel Mithá Ribeiro — Jorge Galveias — Pedro dos Santos Frazão — Pedro Pessanha — Pedro Pinto —

Rita Matias — Rui Afonso — Rui Paulo Sousa.

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PROJETO DE VOTO N.º 255/XV/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE JORGE CONSTANTE PEREIRA

Compositor, dramaturgo e pioneiro da terapia da psicomotricidade em Portugal, com um percurso

associado à cidade do Porto, faleceu em Matosinhos, no passado dia 31 de janeiro, Jorge Constante Pereira.

Terapeuta da psicomotricidade, formado pelo Instituto das Ciências da Educação da Universidade de

Genebra, orientou as cadeiras de Psicologia da Educação e do Desenvolvimento na Universidade Eduardo

Mondlane, em Moçambique, onde dirigiu o Centro de Estudos de Comunicação do Instituto de Investigação

Científica. Dedicou-se desde sempre ao ensino e foi fundador da cooperativa O Fio de Ariana. Foi ainda autor

de uma coletânea de recursos visuais e auditivos, Digo o que faço – Faço o que digo, para apoio ao

desenvolvimento da linguagem verbal e da comunicação na primeira infância (2.ª edição em 2001, Areal

Editores).

Dirigiu, no Porto, a delegação da Cooperativa Ludus, com Isabel Alves Costa e Ilse Losa, organismo de

divulgação e ação educativa baseado nos princípios da pedagogia moderna, onde musicou textos de Maria

Alberta Menéres que, cantadas e tocadas por alunos da cooperativa, deram forma ao disco Conversas Com

Versos, gravado nos Estúdios Rangel, como tantos outros.

É, no entanto, como compositor e dramaturgo que o público conhece as criações que nos bastidores

animou e «impregnou de música». Um dos seus primeiros trabalhos como compositor musical foi o disco de

1975 Cantigas de Ida e Volta, onde musicou os poemas de Sidónio Muralha, Matilde Rosa Araújo e Maria

Alberta Menéres, interpretados por Fausto, Vitorino e Sérgio Godinho. Este foi um dos primeiros discos

integralmente dedicado ao universo infantil no pós 25 de Abril.

A atenção ao universo das crianças foi assumindo diversas formas, desde projetos para teatro, como o Eu,

Tu, Ele, Nós, Vós, Eles, de Sérgio Godinho, no qual participou e escreveu, por exemplo, a Canção dos

Abraços, e em projetos para televisão, como A Árvore dos Patafúrdios ou Os Amigos do Gaspar, em coautoria

com João Paulo Seara Cardoso e Sérgio Godinho, para a RTP-Porto e para os quais compôs dezenas de

canções. As músicas de Os Amigos de Gaspar chegaram a disco dois anos depois, em mais uma colaboração

com Sérgio Godinho, para quem compôs ainda Pequenos delírios domésticos, que integra o disco Tinta

Permanente.

Com a companhia Limite Zero participou em criações que deixam inscrita, de forma inequívoca, a sua

argúcia e criatividade: Pinto Borrachudo; O Trono saiu à rua; Os Trabalhos de Hércules; Em busca do Planalto

perdido; as Aventuras de Gulliver; Estórias do Dia e da Noite ou Volta ao Mundo, uma viagem de circo-

navegação. Escreveu o conto O cágado perdeu as penas, para o livro Tudo se transforma, iniciativa da

Cooperativa O Fio de Ariana. Criou partituras musicais ou textos para projetos teatrais de diversas

companhias, nomeadamente Mais Mar Houvesse, peça encenada por João Paulo Seara Cardoso, ou To Beat

or Not To Beat, encenada por António Pedro e com a participação de Ângelo de Sousa e João Guedes no

Teatro Experimental do Porto em 1967, entre tantas outras cumplicidades, como com o Teatro de Joane ou o

Art'Imagem.

Encontrava-se a colaborar com o Cinema Batalha, no Porto, na recriação de Os Amigos do Gaspar, para

um documentário sobre a série transmitida pela RTP. Ficou por tomar forma um último projeto de musicar uma

série de poemas do Clepsidra, de Camilo Pessanha, por si selecionados, composições das quais há apenas

um primeiro registo.