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1 DE MARÇO DE 2025

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força não pode ditar o destino das nações.

Neste contexto, a recente visita do líder ucraniano à Casa Branca deveria ter sido um momento de

reafirmação da aliança entre aqueles que defendem a liberdade e a soberania contra a tirania. O objetivo

desta reunião era consolidar um novo acordo de segurança entre os dois países, um compromisso

fundamental para garantir que a Ucrânia continuasse a ter os meios necessários para resistir à agressão

russa. No entanto, este encontro foi transformado numa cilada e num fracasso diplomático devido à atitude

lamentável de Donald Trump e do seu Vice-Presidente, JD Vance.

O que deveria ter sido um momento de cooperação e reforço dos laços entre aliados tornou-se numa

demonstração de arrogância e desrespeito. Trump, com a sua retórica populista e descomprometida com os

valores da democracia, não hesitou em atacar publicamente o líder ucraniano, colocando em causa o esforço

e a resistência de um povo que luta diariamente pela sua sobrevivência. Perante as câmaras, em vez de

reafirmar o compromisso com a Ucrânia, Trump exigiu «gratidão», como se a defesa da liberdade fosse um

negócio e não uma responsabilidade partilhada. A sua conduta foi ainda mais longe ao afirmar que a Ucrânia

«não está a ganhar» e que deveria «aceitar um acordo», ignorando por completo a realidade do conflito e os

princípios básicos da autodeterminação das nações.

A situação tornou-se ainda mais grave quando, após esta tensa discussão na sala oval, o acordo de

segurança que estava prestes a ser assinado foi abruptamente cancelado. O resultado dessa falta de respeito

foi um enfraquecimento da posição da Ucrânia no cenário internacional e um sinal de hesitação por parte de

quem deveria ser um aliado firme e confiável. Esta decisão irresponsável não só compromete a capacidade da

Ucrânia de se defender como envia um sinal perigoso ao Kremlin e a outros regimes autoritários: a

solidariedade ocidental pode ser volátil e sujeita a caprichos políticos.

Trump e Vance não são apenas responsáveis por um momento de vergonha diplomática, são cúmplices

ativos do enfraquecimento da resposta à agressão russa. O seu comportamento não é apenas um erro

estratégico, mas uma falha moral grave. Demonstraram que, sob a sua liderança, o compromisso com os

aliados pode ser descartado sem hesitação e que os princípios democráticos podem ser ignorados quando

não servem os seus interesses políticos imediatos. Esta política de instabilidade e desrespeito não prejudica

apenas a Ucrânia, coloca em causa a credibilidade das democracias liberais e mina a segurança europeia e

global. A autodeterminação das nações não pode estar sujeita à arbitrariedade de líderes que relativizam os

direitos fundamentais e enfraquecem as alianças democráticas. A Ucrânia compreendeu isso e continua a

lutar. Trump e Vance, pelo contrário, afastaram-se dos valores que deveriam defender. A história fará o seu

julgamento.

O passado já demonstrou que apaziguar ditadores não conduz à paz, apenas posterga conflitos, muitas

vezes a um custo mais elevado. A decisão de Trump e Vance de desrespeitar a Ucrânia e sabotar um acordo

de segurança crítico terá repercussões graves e duradouras. Se esta abordagem de capitulação e

desconsideração pelos aliados prevalecer, será apenas uma questão de tempo até que outros regimes

autoritários testem novamente os limites da fraqueza ocidental.

Portugal, como Nação que conquistou e defende a sua liberdade e soberania, não pode permanecer

indiferente perante este desvio dos valores fundamentais da democracia. A Assembleia da República deve

condenar, com clareza e firmeza, o posicionamento de Donald Trump e JD Vance, reafirmando que nunca

aceitará soluções que recompensem a agressão e penalizem a resistência. A segurança europeia e global

depende da determinação com que os Estados democráticos rejeitam qualquer forma de condescendência

para com regimes expansionistas e opressores.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa a sua total condenação a Donald

Trump e JD Vance pela sua conduta desrespeitosa para com a Ucrânia e o povo ucraniano, bem como pelo

seu contributo para o enfraquecimento da resposta à agressão russa ao cancelar um acordo de segurança

crucial para a resistência ucraniana. Reafirma que Portugal continuará a estar do lado certo da história,

defendendo o apoio inequívoco à Ucrânia até que a agressão seja derrotada e a paz seja restaurada nos

termos que garantam a sua soberania, liberdade e segurança, e apela a todos os países comprometidos com

a democracia para que rejeitem, de forma clara e determinada, qualquer estratégia de apaziguamento com

ditadores.

Palácio de São Bento, 28 de fevereiro de 2025.