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0022 | II Série C - Número 066 | 19 de Agosto de 2006

 

sociais. Sua Santidade Bartolomeu relacionou o diálogo religioso com a actual situação geopolítica. Desde o seu alargamento, a NATO passou a incluir mais cristãos ortodoxos oriundos da Bulgária e da Roménia. O alargamento da UE e a integração da Turquia são, na sua opinião, importantes para reforçar as instituições na Turquia. Referiu-se também a uma crescente integração económica entre a Grécia e a Turquia, algo que seria impensável há alguns anos. A Turquia pode também ajudar na mediação e no desenvolvimento económico no Médio Oriente e Ásia Central. Além disso, implorou que "em vez de barcos cheios de soldados, possamos ver barcos cheios de carros e computadores a atravessar o Bósforo". Sua Santidade Bartolomeu terminou com uma nota optimista, afirmando ser mais aquilo que "une a comunidade dos homens do que aquilo que a divide."
25. Os participantes dos países parceiros do Mediterrâneo sublinharam a necessidade de maior diálogo e, em particular, a necessidade de justiça enquanto base para a interacção e a compreensão humanas. Saad Abdallah citou Ibn Khaldoun, afirmando que a "Justiça é a base da civilização". Foi secundado por Mohammed Halaiqah, que realçou que os proponentes de um "conflito de civilizações" utilizam esta expressão para descrever o conflito entre o Islão e o Ocidente e que, infelizmente, as forças moderadas ainda não conseguiram tornar-se as vozes dominantes que modelam o discurso. O Cherif Ahmed Ould Mohamed Moussa (Mauritânia) considerou um paradoxo o facto de, num mundo globalizado, existir uma divisão entre o mundo islâmico e "o outro mundo" devido a uma interpretação errónea do Islão e a um fracasso dos sistemas educativos no reforço do entendimento, por exemplo através do estudo comparado das religiões.

VII. A situação geopolítica única da Turquia

26. Ao longo do seminário ficou claro que a Turquia desempenha um papel importante ao facilitar o diálogo religioso, mas ajuda também a enfrentar os desafios ao nível das relações mantidas com os seus vizinhos a Sul e a Este e do seu desenvolvimento económico. O debate extremamente actual sobre a segurança energética ilustra a posição geopolítica especial da Turquia, como frisou Mihat Rende, Ministro Plenipotenciário no Ministério Turco dos Negócios Estrangeiros, na sua intervenção sobre segurança energética e geopolítica. O lugar da Turquia no seio do sistema internacional constitui, pois, um factor determinante das suas políticas e orientações, como explicitou Ersin Kalaycio?lu, Presidente da Universidade de I?ik.
27. Na qualidade de membro da NATO, a Turquia desempenha um papel específico nas actividades de largo espectro da NATO e nas suas relações com os países parceiros do Mediterrâneo. Alberto Bin, Chefe da Secção de Assuntos Regionais, Assuntos Políticos e Divisão de Política de Segurança na NATO, apresentou aos participantes uma descrição das actividades desta organização no Mediterrâneo e na região do Golfo. Para a zona do Mediterrâneo, o Diálogo do Mediterrâneo da NATO tem vindo a transformar-se numa estrutura semelhante às Parcerias para a Paz, o que reflecte a necessidade crescente de colaboração em questões de segurança como os estados em falência, o terrorismo e a instabilidade. Esperam-se mais decisões sobre o futuro deste programa na próxima cimeira da NATO, que decorrerá em Riga, em Novembro de 2006. No momento presente, o Diálogo do Mediterrâneo segue uma abordagem bimodal: a nível político, a NATO tem vindo a manter cimeiras multilaterais com os seus parceiros, como a que teve lugar em Taormina, em Fevereiro de 2006, e o Secretário-Geral Jaap de Hoop Scheffer visitou pessoalmente todos os países parceiros. A nível prático, são inúmeras as actividades existentes, como a colaboração a nível de inter- operacionalidade, assistência na reforma da defesa, actualização e modernização das Forças Armadas e eventos de diplomacia pública. Israel, Marrocos e Egipto participam na operação Active Endeavour, que constitui um exemplo concreto de colaboração bem sucedida.
28. Ao contrário do Diálogo do Mediterrâneo, a Iniciativa de Cooperação de Istambul para os países do Golfo, promovida pela NATO, baseia-se na colaboração bilateral. Aderiram a esta nova iniciativa até à data o Bahrein, o Qatar, o Kuwait e os Emiratos Árabes Unidos. As duas iniciativas partilham uma confiança fundamental nos princípios de responsabilidade conjunta e de inclusividade. Todos os países recebem o mesmo tratamento. O terceiro princípio é a progressividade, tanto na forma como no conteúdo. Alberto Bin explicitou que a NATO procura complementar iniciativas da União Europeia em campos onde pode contribuir com mais-valias, como a área da segurança e da política de segurança. Alertou também para o perigo das expectativas excessivas. A NATO não conseguiu dar garantias de segurança para a região do Golfo. Também não se poderia envolver no processo de paz do Médio Oriente e o Secretário-Geral Jaap de Hoop Scheffer deixou bem claro que, a envolver-se, tal só poderia acontecer após a assinatura de um acordo de paz global.
29. Uma questão de importância crescente para os países membros da NATO é a segurança do fornecimento de energia. Mihat Rende apresentou os planos da Turquia para funcionar como um eixo no transporte de petróleo e gás da Ásia Central e do Médio Oriente para a Europa. Este facto é ainda mais importante se considerarmos que praticamente 80% do transporte passa, nos dias de hoje, por pontos de estrangulamento na linha costeira, o que constitui um desafio enorme no sentido de assegurar um transporte ininterrupto. Segundo a opinião de Rende, a União Europeia ainda não conseguiu criar uma política energética comum e ainda não reflectiu de forma adequada sobre o papel da Turquia. A Turquia continua a estar bem